da Folha Online, em Brasília
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou nesta quarta-feira a abertura de inquérito na Polícia Legislativa da Casa para investigar o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. O inquérito vai apurar se houve prejuízos financeiros ao Senado com a denúncia de que o ex-diretor da Casa é suspeito de integrar um esquema que desviava recursos para empresas de fachada registradas em nomes de laranjas. Sarney anunciou a abertura do inquérito do plenário do Senado.
A Polícia Legislativa não descarta firmar parceria com a Polícia Federal e a Polícia Civil para investigar o servidor, mas inicialmente vai designar oito policiais para trabalharem no inquérito --que vão ter 30 dias prorrogáveis por um período maior para concluírem a análise do caso.
O Corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), disse que também vai pedir ao Ministério Público Federal para investigar as supostas irregularidades cometidas por Zoghbi enquanto esteve no cargo.
O inquérito vai correr paralelo às duas sindicâncias já instaladas no Senado para investigar a conduta de Zoghbi. Uma das sindicâncias investiga a suposta utilização de laranjas, enquanto a segunda apura a acusação de que o ex-diretor teria utilizado apartamento funcional da Casa para acomodar parte da sua família --mesmo morando em uma casa localizada num bairro nobre de Brasília.
Segundo reportagem da revista "Época" desta semana, Zoghbi abriu no nome de uma ex-babá, Maria Izabel Gomes, 83, que mora na casa dele, três empresas --DMZ Consultoria Empresarial, DMZ Corretora de Seguros Ltda e Contact Assessoria de Crédito Ltda. A suspeita é de que parte do faturamento dos últimos anos dessas empresas, cerca de R$ 3 milhões, teria como origem contratos assinados pelo Senado.
Uma das possíveis fontes de desvio seria um contrato com o Banco Cruzeiro do Sul, no qual a instituição oferecia crédito consignado aos servidores da Casa. Em nota, o banco negou irregularidades na prestação de serviços de crédito consignado aos servidores do Senado Federal. A instituição ressalta que não é a única a realizar esse tipo de empréstimo aos funcionários da Casa.
Zoghbi diz na reportagem que as empresas pertencem à sua família. Ele admitiu que colocou os filhos como sócios porque "é proibido a servidores públicos ser donos de empresas que negociam com órgãos públicos".
No que diz respeito ao imóvel, Zoghbi foi acusado de ceder o apartamento funcional aos seus filhos, apesar de ele morar em outro local. Após a denúncia, ele pediu exoneração do cargo. Ele chegou a ser cotado para assumir o lugar de Agaciel Maia, afastado da diretoria-geral do Senado após denúncia de não declarar a posse de uma mansão de R$ 5 milhões.
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