O símbolo da miséria no Haiti é um biscoito feito de barro, água e manteiga. Batizado de “Té”, a receita serve para tapear a fome. Mulheres desesperadas coletam restos de construção e misturam com água e manteiga em tinas de plástico e metal velhas e sujas. Quando não há manteiga, elas usam apenas água. Raras vezes põem sal, produto de luxo.A massa encardida, da cor de argila, é espalhada em tablados de madeira ou metal e ganha a forma de biscoitos, parecidos com pequenas panquecas. As mulheres usam colheres para espalhar centenas desses biscoitos pelo chão para que sequem ao sol. Por causa da água, eles incham e depois endurecem.
Crianças comem o biscoito de barro ao longo do dia para, segundo Marie Timouche, 33 anos, ‘espantar a fome’. Ela diz que também vende um pouco da produção para outros moradores. “Dá até para ganhar um pouco de dinheiro”, diz ela, que é mãe de quatro crianças pequenas. Quando a família não recebe doações, o “Té” é a única refeição do dia.
O valeparaibano flagrou a produção do biscoito de barro em Cité Gerard, zona da grande Cité Soleil, a maior e mais violenta favela do Haiti. Lá vivem perto de 400 mil pessoas, 90% delas sem emprego formal e lutando diariamente para fugir da fome.
“Mange, mange, bon bagai”, dizem os haitianos ao recepcionar brasileiros nas ruas de Cité Soleil. Em creole, língua oficial do Haiti, a frase é quase um pedido desesperado: “Comida, comida, sangue bom”. Por causa do relacionamento de cinco anos com as tropas militares do Brasil, “bom bagai” (sangue bom) é o apelido que os brasileiros ganharam dos haitianos.
O futuro do Haiti está atrelado à luta contra a fome “mangu” em creole. “Mangu, mangu”, dizem as crianças pelas ruas, passando as mãos secas e enrugadas pela barriga inchada.
Todo o resto gravita em torno do combate à desnutrição crônica que afeta a população, em especial as crianças. “Sem elas, o que será do futuro do país?”, pergunta o médico Antonio Cyrise, que atende mulheres pobres no Centro de Saúde e Nutrição Rosalie Rendu, em Cité Soleil, administrado por religiosas brasileiras. No país, a mortalidade infantil chega a atingir 60% das crianças menores de cinco anos.
Na “Cozinha do Inferno”, como os brasileiros chamam a feira popular em Cité Soleil que atende 200 mil pessoas por dia, em meio à sujeira absoluta, Leanie Point Du Jour, 48 anos, luta contra a miséria vendendo pratos de ensopado com batata, inhame, banana e carne de boi. Cada refeição custa 5 gourdes, equivalente a R$ 0,24. “Vendo a panela toda”, comemora Leanie, mas reclamando que o dinheiro é insuficiente para sustentar a família.
Qualquer imagem de um país miserável fictício perderia para a realidade haitiana.
O que deve ser combatido primeiro? O presidente René Garcia Préval tem dificuldade em responder à pergunta formulada pelos próprios haitianos. Ele conta com a colaboração da ONU (Organização das Nações Unidas), que administra desde 2004 a missão de paz no Caribe, e espera a chegada de recursos internacionais.
Em abril, em Washington, diversos países prometeram ajudar o Haiti com US$ 324 milhões. Préval acredita que os recursos serão suficientes para gerar até 300 mil empregos. Até o final de junho, porém, nenhum centavo havia chegado aos cofres do país.
O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) aprovou investimentos de US$ 120 milhões para doações ao Haiti em 2010 a fim de ajudar o país a fazer investimentos em setores essenciais como infraestrutura, serviços básicos e prevenção de desastres. Atualmente, o BID financia 22 projetos no Haiti com um orçamento total de US$ 675 milhões.
Será suficiente? O general brasileiro Floriano Peixoto Vieira Neto, comandante da Minustah, acredita que a frágil estabilidade na segurança precisa ser mantida e ampliada para atrair investimentos internacionais.
Por outro lado, gangues armadas estão se unindo e esperando a criação de empregos e mudanças no plano social. Eles prometem pegar em armas caso a situação do país não mude.
Alexandre Alves, enviado Especial a Porto Príncipe (Jornal Vale Paraibano)
DEUS MEU DE TODO O PODER!!!! O QUE É ISSO???? O QUE PODEMOS FAZER ALÉM DE "NUNNNNNNCA MAIS RECLAMÁRMOS" DE COISA ALGUMA EM NOSSAS VIDAS!!! PAI, ESTÁ NA HORA DO MUNDO ACORDAR!!! ESTÁ NA HORA DE "EU", NÓS ACORDÁRMOS!!! QUE AS NOSSAS ORAÇÕES "AO MENOS" CHEGUE A ESTE POVO PÓR DEMAIS SOFRIDOS!!!
ResponderExcluirDAISY HELENA - SP
Confesso q essa reportagem mim fez refletir muito sobre minha maneira de ver a vida!! muito comovente, assisti as duas vezes e chorei muito!!!parabens pro Regis!!
ResponderExcluirPIOR DO QUE A CATRÁSTROFE DO TREMOR, É SERVIR BISCOITOS DE BARRO AOS FILHOS. ENQUANTO ISSO ALGUNS PAÍSES INVESTEM MILHÕES EM BOMBAS , ARMAMENTOS E MORDOMIAS POLÍTICAS GLOBALIZA- SE SOMENTE AS RIQUEZAS. QUEM NÃO SOMAR ESTÁ FORA .QUE MUNDO É ESSE????? MEU DEUS? CHORAR É POUCO PRECISAMOS É GRITAR.
ResponderExcluirSr Gilberto,
ResponderExcluirObrigada pela publicação da Reportagem, de extrema sensibilidade.O Haiti é um país com uma grande preocupação mundial, tanto pelas controvérsias políticas e radicalismo.O país abrange conflitos intermináveis, aliados a fome e a precariedade da sáude.
Atualmente dissemina fome generalizada, a nação complacente alimentos para sobreviver, uma batalha em função de resistÊncia do próprio corpo.Procuram saídas, misturando a realidade com a vontade de viver, e assim se alimentam do famoso "biscoito de barro".
É triste, e nós nos perguntamos de quem é a culpa?
Há falta de produção de alimentos no mundo? ou o Problema localiza-se na distribuição, que mantêm a lei do capitalismo?
O que peço é que se podem doar um pouco então ajudem, existe várias instituições sérias no combate a fome do Haiti, arrecadando fundos para a expediação em função da sobrevivência. Há refeições contendo carne bovina no País por 0,24 centavos, então podemos ajudar sim com pouco e este pouco irá fazer com que uma pessoa sobrevivá mais um dia pelo menos.Você pode salvar com R$2,40 uma pessoa doando 10 dias de vida para ela.O que acredito que esse valor não fará um grande desfalque em sua conta.
Ao invés de somente se informar, gastando horas para saber notícias sobre o Haiti procure entidades para ajudar, enquantos uns gastam por hora aproximadamente R$ 3,00 para utilizar a internet seja em lan house, uma criança morre de desnutrição.Pense nisso, e utilize seu dinheiro para o que realmente causará um bom impacto.Salvará pessoas que precisam de sua ajuda.
Eu vi essa reportagem e fui às lágrimas. Hoje vi novamente no Mais você e de novo fui às lágrimas. Meus Senhor e meu Deus; quanta gente por aqui reclamando. Seria bom que todos
ResponderExcluirvissem tal situação e parasse para refletir um pouco. Parabens pela excelente reportagem emocionante.
Eu confesso que fiquei emocionado e fui às lágrimas quando vi essa reportagem. Só lamento eh de ver tanta gente reclamando quer não quer comer quando tem comida o bastante e não dá o devido valor. Hoje voltei a me emocionar revendo a reportagem no Mais você, outra vez fui as lágrimas. Parabéns pela excelente reportagem. Ora a Deus pelo povo do Haiti por dias melhores.
ResponderExcluirBenildo - Maceió/AL
Enquanto isso tem gente fazendo aniversario pra cachorro e ainda dando uma coleira de brilhantes, valendo milhoes, pode.
ResponderExcluirO ser humano ta valendo menos que um animal, isso porque o ser humano raciocina, ja pensou se não raciocinasse?
O que uma coisa tem a ver com a outra? Sempre tem um ignorante pra fazer comparações sem sentido como essa. Uma vida é uma vida. Enquanto o ser humano - que como você disse, raciocina - pensar dessa forma, cenas como essas vistas no Haiti vão continuar existindo, porque o que motiva ignorar o sofrimento dessas pessoas é o mesmo que motiva, todos os dias, ignorarmos o sofrimento animal: o egoísmo. O Haiti está tão longe quanto o abatedouro de onde vem a carne do seu prato. Quem não vê, não sente, não liga.
ExcluirA forma como você se refere ao "pra cachorro" deixou claro o seu desprezo por uma vida não humana. Então imagino que não tenha problema nenhum gastarmos "milhões" (sic) numa gargantilha para uma pessoa ou numa "simples" festinha de aniversário que, aqui em São Paulo, em um buffet de "qualidade", não sai por menos que 10k.
Ao invés de falar asneiras, deveria seguir o conselho da colega ali de cima e fazer uma doação que de fato mudaria alguma coisa ao invés de destilar bobagens e externar tamanha estupidez.
É complicada a situação do haiti, mas para investir em um pais assim da muito medo, a qui no brasil ja passo por dificuldades na empresa, imagine um empresario no hait,,,se é que existe um,,,tenho coragem de ir lá e investir uma pequena quantia para gerar um pouquinho de emprego,,,e todos os empresários investir um pouquinho logo teremos varias pessoas empregadas,,,posso estar errado mas acho que ajudaria,,,, isso é claro depende de cada ramo de atividade.....abraços
ResponderExcluirEu sinceramente não compreendo como estas crianças estão comendo barro? se sabem disso por que nestes locais não constroem rapidamente um restaurante onde todas as ongs, que arrecadaram milhões,de empresas e pessoas físicas, possam pegar este almoço de 0,25 centavos eu alimentaria 10 pessoas, assim não teriam que comer barro? ou seja com R$250,00 seria 2.500...seguindo esta linha quanto teriamos que enviar todo mes para o Haiti, para dar comida para esse povo não comer barro? tudo bem que foram milhares de pessoas atingidas... e a única notícia que ouvimos é que cada um doou x, y, bancos etc...os representantes e defensores dos direitos humanos, não entendo por que esses bancos soltam dinheiro sem acompanhar a execução das obras? é a única forma de não haver desvio dos valores enviados para o país o que esse país e a maioria precisa é de não corupção, pessoas honestas e acima de tudo pessoas humanas que amem o ser humano acima de tudo...mas inflelizmente a vida não é prioridade neste planeta senão a cada 15 segundos não morria cinco crianças ou será mais?Não consigo entender também por que os 70 haitianos refugiados em Manaus, por que não recebem uma ajuda do nosso governo? ou por que as empresas não dão este apoio a eles com um emprego que possam ganhar um salario minimo, pelo menos? em termos de alimentos? a ponto da mini paroquia precisar fazer um jogo de futebol para que a população possa dar um kilo de alimento?sinceramente 1 ano já se passou e o descaso é toral com a vida humana e principalmente dessas pobres crianças.Excelente reportagem apesar de ser incompreensível com os números de doações.Está na hora deste novo presidente faça um governo humano com seu própio povo.O que os governantes precisam é de amar seu povo.O governante que ama seu povo não permite que ele morra de fome, principalmente as crianças de 0 a 5 anos.Vane=Amor 100%
ResponderExcluirA responsabilidade de todos nós diante do que vimos nessa reportagem é cultivar a solidariedade não desperdiçar alimentos e acima de tudo praticar o amor ao próximo lutando pela igualdade social.
ResponderExcluiras vezes nós achamos ruin a vida que agente leva e nem agradecemos a deus pelo pouco que ele nos deu. mais essas pessoas agradecem a deus todos os dias por ter um biscoito de barro pra dividir .
ResponderExcluirGostaria de saber como posso doar parte de meu salário sabendo que o dinheiro ajudara mesmo sendo realmente destinado a este povo? Alguem saberia me explicar alguma forma? Ou instituição destinado a este povos? De verdade?
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