domingo, 6 de setembro de 2009

Sobre o resgate da Rádio Timbira

A pretexto do que foi publicado no blog do Décio Sá, neste domingo, sobre a Rádio Timbira, escrevo o seguinte:

O governo Roseana faz um estardalhaço sobre a recuperação da Rádio Timbira do Maranhão. Tem seus méritos, mas seria interessante destacar a importância da luta que tivemos para colocar a emissora oficial como meta prioritária da comunicação no governo Jackson Lago. Infelizmente, os projetos não foram executados integralmente devido à resistência do Secretário de Comunicação. O objetivo dele era entregar a gestão da emissora a uma empresa privada. 

Na condição de gestor, propus ao governador que a emissora fosse resgatada como empresa pública de comunicação para que voltasse a ser forte. O projeto ainda chegou a receber parecer favorável do procurador-geral, mas não chegou ao governador para que fosse votado na Assembléia Legislativa. Seria o retorno triunfante da Timbira e Jackson marcaria seu nome na radiodifusão do Maranhão.

Mesmo contra a vontade do Secretário de Comunicação, conseguimos convencer o governador da necessidade de aquisição de novos equipamentos para a emissora. Com investimentos da ordem de R$ 350 mil, o governo comprou esses equipamentos, incluindo um moderno transmissor da marca Continental. Graças a isso, os atuais gestores não encontraram dificuldades para recolocar a emissora no ar.

Poderiam ter dado continuidade ao processo de reforma do prédio da emissora no bairro de Fátima, onde já estavam instalados dois novos estúdios. Preferiram levá-la para cubículos na Secom. Vale ressaltar, porém, que foi na administração de Roseana, em 1995, que a Timbira sofreu um duro golpe: foi extinta como empresa pública, contribuindo para sua decadência. Em seguida, combalida, foi expulsa de seu prédio, na Rua do Correio, e jogada em cubículos na Ceasa. Com isso, grande parte de seu acervo foi para o lixo. 

Durante o governo de José Reinaldo a emissora serviu a interesses de quem estava na direção. Como perdera a autonomia, a rádio não podia receber recursos de quaisquer fontes. Diretores aproveitavam para fechar contratos, mas o dinheiro ia parar nos bolsos de espertalhões e aproveitadores de plantão. Que outros aproveitadores não venham a usar a Timbira em benefício próprio. Espero que a Secom administre a emissora com transparência e respeito à coisa pública.

Assumi a emissora com o compromisso de resgatá-la integralmente, como uma grande obra do governo Jackson. Ele tinha ciência de todos os projetos para a emissora e os aprovou integralmente. Infelizmente, o seu Secretário de Comunicação - que parecia ter mais poderes que o governador - era contrário ao processo de moralização da Timbira. Meu erro foi acreditar que o governo Jackson tivesse a Timbira como prioridade na área da comunicação. 

Longe de mim não reconhecer os méritos do governo Roseana nesse processo de resgate da Timbira, mas seria interessante que pagasse uma dívida com a sociedade maranhense: a reinstituição da emissora oficial do Estado como empresa pública de Comunicação. O que vemos agora é só reflexo das lutas que travamos num passado recente e que a história já registrou.

Eis o que foi divulgado neste domingo no blog do jornalista Décio Sá sobre o retorno da Timbira

Rádio Timbira no dial e na internet

O que os ex-governadores José Reinaldo (PSB) e Jackson Lago (PDT) não conseguiram fazer em sete anos, o governo Roseana Sarney fez em quatro meses. Primeira emissora do Maranhão, a Rádio Timbira, com 68 anos, já está no ar com qualidade, inclusive transmitia via internet (aqui).

A reinauguração aconteceu esta semana no Palácio dos Leões pelo secretário Sérgio Macedo (Comunicação) e o diretor Jura Filho. Depois de perambular por vários locais nas gestões anteriores, a Timbira foi instalada no prédio onde funciona a Secom.

Para quem não lembra: em abril do ano passado Jackson Lago mandou fechar a emissora usando a PM por causa de críticas feitas no ar à sua administração pelo então diretor-geral, radialista Gilberto Lima. Na ocasião, ele chegou a passar três dias entrincheirado dentro da rádio. O assunto foi destaque até no jornal Folha de S. Paulo (reveja aqui).


Por causa do episódio, o governador cassado responde processo criminal no STJ. Gilberto Lima já até prestou depoimento na Polícia Federal sobre o caso.

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