quarta-feira, 14 de outubro de 2009

URBANITÁRIOS REJEITAM PROPOSTA DA CAEMA E GREVE CONTINUA

Os trabalhadores da Caema rejeitaram parcialmente mais uma proposta apresentada pela diretoria da Caema e decidiram continuar a paralisação que já se arrasta por 10 dias. A decisão saiu em assembléia geral realizada em frente à Secretaria de Saúde, no início da tarde desta quarta-feira. O ponto de discórdia é a diminuição do percentual de intertício, disparado a cada dois anos quando da mudança de nível, de 7% para 5%. Foi uma forma encontrada pela empresa para que o impacto no custo com pessoal ficasse no patamar de R$ 2 milhões por mês. Pela proposta inicial, apresentada no Plano de Cargos, esse valor seria de R$ 3,5 milhões, elevando os custos com pessoal para R$ 13 milhões mensais.

Os grevistas aprovaram a proposta de implantação do PCS em três etapas a partir de março de 2010 (35%), agosto (35%) e dezembro (30%), com acréscimo mensal de R$ 100,00 no ticket alimentação, até a integralização do Plano.

Diante da decisão de continuidade da greve, a direção da empresa está recorrendo à Justiça do Trabalho para que seja decretada a ilegalidade da greve. A decisão deve sair na manhã desta quinta-feira no TRT.

Meu Comentário:

Tenho dito que a luta para implantãção do Plano de Cargos de Salários na Caema é justa, na medida em que corrige distorções de aproximadamente 20 anos. No entanto, faz-se necessário levar em consideração a real situação da empresa. Arrecadando em média R$ 12 milhões por mês, a Companhia não teria como bancar R$ 13 milhões só de custos com pessoal, pois ficaria sem lastro para honrar outros compromissos. Isso só seria possível com o aumento da arrecadação mensal para R$ 16 milhões. Essa é uma meta atingível, desde que sejam implementadas medidas urgentes no setor comercial. Por que que dos quase 18 milhões faturados a empresa só arrecada R$ 12 milhões? Acredito que com um mutirão de cobrança e com um rigorosa fiscalização de águas cortadas teremos, a curto prazo, um aumento significativo na arrecadação.

A Caema é uma empresa plenamente viável, mas tem sido vítima de administrações desastrosas, que levaram a empresa a essa situação lastimável. Vejo seriedade e responsabilidade nos atuais gestores, funcionários de carreira da empresa, comprometidos com o resgate da Companhia. Em seis meses de gestão, em conjunto com técnicos da Caesbe, conseguiram concluir e começar a implantar o Planejamento Estratégico que redefiniu a estrutura organizacional da empresa, tornando-a mais enxuta e menos onerosa. Ações definidas no PE já estão sendo implantadas nos setores de Cadastro e Comercial que, em pouco tempo, poderão contribuir para o aumento da arrecadação.

Em caráter emergencial, a Companhia está buscando recursos junto aos governos Estadual e Federal para investimentos em obras que possibilitarão o aumento da produção e distribuição de água na capital. A principal delas é a nova adutora de 20 km no campo de Perizes que vai permitir o aumento do bombeamento de água do Italuís. Atualmente, das três bombas somente duas estão em operação porque a adutora, corroída pelo salitre, não suporta a pressão total de todas elas. O sitema paciência também vai ser incrementado, aumentando a produção de água para diversos bairros da capital. Além disso, já está em andamento uma licitação para aquisição de 200 mil hidrômetros. São medidas que ajudarão a aumentar a arrecadação
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Graças ao empenho da atual diretoria outras obras no sistema de esgotamento sanitário da capital estão em andamento, como a recuperação de elevatórias de esgotos e das duas estações de tratamento que estavam abandonadas há mais de dois anos, com 100% do esgoto sendo jogado "in natura" em nossos mananciais. São muitos os desafios para resgatar a Caema. Isso não acontecerá da noite para o dia, pois são muitos anos de abandono e desmandos. Infelizmente, aqueles que se beneficiaram da Caema, que enriqueceram ilicitamente, nunca foram devidamente punidos. A falta de punição é um estímulo à bandalheira - ou seria roubalheira mesmo?

Acredito que, pelo que vem realizando, a atual diretoria merece um crédito por parte dos trabalhadores. Já foi garantido que o PCS será implantado, mas levando-se em conta a realidade financeira da Companhia. Será que radicalizar neste momento é a melhor alternativa?

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