quinta-feira, 25 de novembro de 2010

AMBIENTE DE GUERRA TRANSFORMA O RIO EM BARRIL DE PÓLVORA

Bope e blindados entram em favela no Rio; bandidos fogem

LUIZA SOUTO
DO RIO

Cerca de 200 homens da Polícia Civil do Rio se concentravam por volta das 14h30 desta quinta-feira na rua Nossa Senhora da Penha, na entrada da comunidade da Vila Cruzeiro, zona norte do Rio. Eles estavam com o armamento preparado e aguardavam apenas a ordem para entrar na comunidade, onde a PM faz uma operação contra os ataques registrados no Estado desde o último domingo (21).

Os policiais participaram de uma operação na favela do Jacarezinho que ocorreu mais cedo, e depois foram enviados à Vila Cruzeiro. Eles são de unidades como Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), Decodi (Delegacia de Costumes e Diversões) e Polinter (Polícia Interestadual).

Além dos policiais civis, cerca de 150 policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) também participam da operação. Pelo menos dois veículos blindados --conhecidos como Caveirão-- e outros 11 veículos da polícia estão no local.

Três tanques blindados cedidos pela Marinha brasileira, mais potentes que o M113, também chegaram na entrada da comunidade nesta tarde. É a primeira vez que a PM do Rio usa tanques da Marinha. Os veículos vão ajudar a atravessar bloqueios feitos por traficantes nos os principais acessos à favela.

Na quarta-feira (24), o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pediu apoio à Marinha para conter a onda de ataques que ocorrem no Estado. Em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, o político disse que recebeu um fax do ministro da Defesa, Nelson Jobim, garantindo apoio logístico.

O governador sustenta que a Marinha não vai atuar diretamente no combate às ações violentas no Rio. "Não é apoio de efetivo. A Marinha não irá se envolver. Irá ceder esses equipamentos para a operação da Polícia Militar."

ENTENDA OS ATAQUES

Desde o fim de semana o Rio vem sofrendo uma série de ataques criminosos. O balanço geral até agora é de 27 mortos e 46 veículos incendiados, contando com um ônibus queimado na manhã desta quinta. Nove incêndios aconteceram entre as 20h da noite de quarta-feira (24) e o início da madrugada de hoje.

Na segunda-feira (22), Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ligaram a série de ataques à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais.

Beltrame não descartou novos ataques de "traficantes emburrados" e afirmou que o Rio não mudará a política de segurança pública.

Para o comandante-geral da Polícia Militar do Rio, a onda de arrastões e de veículos incendiados na cidade é uma ação orquestrada por uma única facção criminosa com objetivo de causar medo na população e de desacreditar a política de segurança pública do Estado. Ele não citou o nome, mas se referia ao Comando Vermelho.

Para tentar conter a articulação de líderes de facções criminosas, Beltrame pediu na terça-feira ao Tribunal de Justiça a transferência de pelo menos oito presos para presídios federais.

Uma investigação da polícia do Rio aponta também para uma articulação entre traficantes de duas facções criminosas para uma eventual mega-ação de confronto para o próximo sábado, dia 27.

Nas conversas entre traficantes interceptadas pela polícia aparecem sugestões de atirar contra as sedes dos governos estadual e municipal e lançar explosivos em áreas de grande aglomeração, como shopping centers na zona sul e pontos de ônibus.

O policiamento nas ruas foi reforçado, com os agentes colocados em estado de alerta, e operações foram deflagradas para impedir que o confronto se materialize.

Foi ventilado por integrantes das facções criminosas o planejamento de ações para atingir diretamente familiares do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Moradores observam carro incendiado no inicio da madrugada desta quinta, em Botafogo, na zona sul do Rio

Fonte: Folha online

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