Procurador também estuda pedir que
inquérito contra Agnelo vá para o STF.
'A gravidade dos fatos é tamanha',
afirmou o procurador Roberto Gurgel.
Débora Santos
Do G1, em Brasília
O procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (19) que pedirá que o Supremo Tribunal
Federal (STF) abra um inquérito para investigar o envolvimento do ministro do
Esporte, Orlando Silva, em suposto desvio de dinheiro público do programa
Segundo Tempo, que visa incentivar a prática esportiva de crianças e
adolescentes.
De acordo com o procurador, o pedido
deve ser encaminhado ao Supremo ainda nesta semana. "A gravidade dos fatos
é tamanha que impõe a necessidade de abertura de um inquérito no Supremo",
afirmou Gurgel no intervalo da sessão do STF.
Segundo o procurador, só falta examinar
quais diligências serão pedidas antes de pedir a abertura do inquérito no
Supremo.
Gurgel afirmou ainda que estuda pedir
que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) remeta ao Supremo o inquérito que
investiga a possibilidade de participação do governador do Distrito Federal,
Agnelo Queiroz, no mesmo suposto esquema de desvios no Ministério do Esporte.
"Imagino que o pedido de inquérito
deve estar sendo encaminhado ao Supremo ainda esta semana e, ao encaminhar o
pedido se for o caso, já pedirei que o Supremo peça ao STJ a remessa do
inquérito relacionado ao governador [Agnelo Queiroz]", afirmou o
procurador.
Gurgel afirmou que vai analisar o
inquérito que investiga Agnelo antes de tomar providências. "Em primeiro
lugar, nós temos que verificar a veracidade. Nós não podemos nesse momento
considerar os fatos provados apenas em razão das declarações de uma única
pessoa. Nós temos que examinar isso com atenção devida, com todo o cuidado,
para verificar a sua procedência e, em sendo procedentes, aí sim serem adotadas
as providências que o caso requer."
Para Roberto Gurgel, "se
verdadeiros esses fatos [relativos a Agnelo] evidentemente seria crime, seria
algo extremamente grave".
No momento da declaração do PGR, o
ministro do Esporte prestava depoimento em audiência pública no Senado. Ele
afirmou que iria "desmascarar farsa" sobre seu suposto envolvimento
em esquema de desvio de verbas e que cumpriu com seu dever ao “buscar todos os
caminhos institucionais para fazer a defesa” de sua honra.
Inquérito
no STJ
O governador do Distrito Federal é um
dos investigados em inquérito que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ)
para apurar suposto desvio de verbas no Ministério do Esporte. Agnelo foi
ministro da pasta entre janeiro de 2003 e março de 2006.
O processo tramitava na 12ª Vara da
Justiça Federal e só foi para o tribunal por conta do foro de Agnelo - pela
lei, governadores só podem ser investigados ou processados no STJ. O inquérito,
de número 761, chegou ao gabinete do ministro Cesar Asfor Rocha, do STJ, na
última terça (11). A informação foi divulgada na edição desta terça do jornal
"Folha de S.Paulo".
O G1 apurou que o motivo pelo qual
Agnelo aparece no inquérito é um depoimento à Polícia Federal de uma
testemunha, Geraldo Nascimento Andrade, que afirmou ter entregue em 8 de agosto
de 2007 a quantia de R$ 250 mil em dinheiro nas mãos do ex-ministro. Na época,
Agnelo já havia deixado o Ministério do Esporte. O ex-ministro e atual
governador sempre negou a acusação, que chegou a ser explorada por adversários
na campanha eleitoral do ano passado.
Por meio de nota divulgada pela
assessoria de imprensa do governo do Distrito Federal, o governador Agnelo
Queiroz afirma que o inquérito no STJ é "mero instrumento de apuração de
fatos" e que "jamais foi considerado réu".
Denúncias
Na edição do último final de semana da
revista "Veja", o policial militar João Dias Ferreira afirmou que o
atual ministro do Esporte, Orlando Silva, tinha envolvimento em um suposto
esquema de desvio de verba pública, nos últimos oito anos, do programa Segundo
Tempo. Ferreira disse que Silva teria recebido um pacote de dinheiro na garagem
do ministério.
O suposto esquema denunciado por João
Dias começou, segundo o policial, durante a gestão de Agnelo Queiroz, quando
Orlando Silva era secretário-executivo do ministério. Silva e Queiroz negam as
acusações.
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