Em entrevista à Radio 'Estadão ESPN', o
ex-presidente falou sobre, governo federal, corrupção e eleições 2012
Daiene Cardoso, da Agência Estado
Em entrevista à rádio Estadão ESPN, na
manhã desta segunda-feira, 12, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou
a presidente Dilma Rousseff à responsabilidade diante das denúncias contra
ministros de seu governo. "Tem de haver um pouco mais de
responsabilização", cobrou FHC. Para o ex-presidente, os ministros
precisam deixar o cargo diante do surgimento de denúncias. "Tem suspeita?
Tem de cair fora", recomendou.
FHC disse que em seu governo não existia
"tolerância" com irregularidades e que seus auxiliares eram obrigados
a deixar o cargo ao serem confrontados com denúncias. "Eu nunca tive
leniência ou tolerância", afirmou. Na opinião do ex-presidente, hoje a
responsabilidade é jogada sobre os partidos e a corrupção se tornou parte do
jogo político. "Acho isso muito grave", comentou.
Durante entrevista de uma hora, Fernando
Henrique disse que em seu primeiro ano de governo a presidente Dilma Rousseff
carregou uma base "maior do que a necessária" para governar e a
herança do governo Luiz Inácio Lula da Silva se transformou em
"entulho". "Ela levou o ano todo com o peso morto desse entulho.
Ela tem de se livrar desse entulho", sugeriu.
Na avaliação do ex-presidente, se Dilma
perder alguns partidos da base aliada, isso não comprometerá a governabilidade.
"A Dilma tem uma base maior que o necessário. Se ela dispensar um ou dois
partidos, não acontece nada (na coalizão)", comentou. Mesmo evitando
"dar conselhos" a Dilma, FHC acredita que a reforma ministerial
prevista para o início de 2012 será a oportunidade de a presidente mostrar
"coragem" e dar sua cara ao ministério."Acho que ela tem uma bela
chance de atuar firmemente", disse.
Embora tenha cobrado firmeza de Dilma, o
tucano culpou o sistema político clientelista pela corrupção no País.
"Nossa cultura aceita transgressões", resumiu. Segundo ele, a
frouxidão da cultura política brasileira só pode ser mudada com o tempo e com
exemplos. "É muito difícil mudar o sistema porque quem muda foi eleito
pelo sistema", afirmou. Ainda que tenha sido rigoroso com as denúncias,
FHC admitiu que possa ter ocorrido irregularidades em sua gestão. "Não vou
dizer que não teve corrupção no meu governo, provavelmente sim",
reconheceu.
FHC lembrou que o governo tucano deu
prioridade a outras reformas, mas que ele não se dedicou pessoalmente à reforma
política para não se tornar "refém dela". O ex-presidente disse ainda
que será preciso que alguém enfrente os desafios de implementar uma reforma
política. "Vai ser necessário que algum presidente tome como objetivo
fazer a reforma política", disse.
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