Promotor do MPPE diz que trio de Garanhuns confessou mais 6 mortes
Denúncia do MP em Garanhuns foi recebida
pelo Tribunal de Justiça.
Inquéritos foram abertos em Olinda e na
Paraíba para apurar homicídios.
Do G1

Três inquéritos apuram o caso: um na
Paraíba (uma vítima), um em Olinda (seis), que está em andamento, e um terceiro
em Garanhuns (duas). A denúncia de Garanhuns, feita pelo MPPE, foi recebida na
última quinta-feira (10) peloTribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por meio
do juiz José Carlos Vasconcelos Filho, da 1ª Vara Criminal do município do
Agreste. O homem e as duas mulheres passam agora a ser réus no processo
judicial, acusados de matar, esquartejar e comer a carne de duas vítimas em Garanhuns.
Eles vão responder pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado,
além de falsidade ideológica, estelionato, ocultação de cadáver e falsificação
de documentos.
“É brabo o negócio. Existiam ainda mais
duas mulheres aqui na região, que provavelmente seriam vítimas, uma de Jupi e
outra de Lagoa do Ouro [ambos municípios do Agreste pernambucano]”, contou. Mas
as investigações com relação a vítimas fora de Garanhuns ainda continuam, esse
é um outro inquérito que corre em paralelo, segundo a Polícia Civil, que ainda
informou que só irá detalhar as investigações após a conclusão do outro
inquérito.
O juiz também decretou a prisão
preventiva dos suspeitos porque o prazo da prisão temporária, que é de 30 dias,
já estava prestes a vencer. De acordo com o TJPE, a defesa é citada para
responder em um prazo de 10 dias. Caso eles não constituam um advogado, o juiz
determina a nomeação de um defensor público.
Segundo Itapuan de Vasconcelos, o juiz
acatou a denúncia de Garanhuns em sua totalidade. “Ele já deve ter determinado
a citação dos acusados para que eles ofereçam uma resposta. Após essa primeira
defesa, o juiz analisa o teor da resposta e geralmente ele determina a
audiência de instrução e julgamento, vai ouvir todo mundo, testemunhas, peritos
e, por último, os acusados. Depois disso, decide se é caso para o tribunal do
júri ou não. Como a prova contra eles é muito contundente, o juiz normalmente
manda para o júri popular”, explicou o promotor.
O promotor falou sobre a denúncia
enviada pelo MPPE à Justiça. “Relatamos como eles agiam. Eles atraíam as
vítimas, apenas mulheres, com promessa de emprego ou para falar de Deus. A
primeira vítima, aqui em Garanhuns, foi atraída para pregar a palavra de Deus e
quando estava na casa dos suspeitos conversando, o homem saiu de trás da
residência e desferiu um golpe grande nela. Ele cortou o pescoço dela, levaram
para o banheiro e esquartejaram. Eles também ingeriram a carne dela”, disse
Vasconcelos.
Itapuan também contou que a segunda
vítima foi atraída com promessa de emprego. Segundo o promotor, eles teriam
informado que faziam parte de uma seita, chamada de Cartel, e que uma entidade
falava para eles qual pessoa tinha que matar. O motivo do crime seria porque as
consideravam pessoas impuras.
O trio ainda criava uma menina de cinco
anos, que teria presenciado os crimes, e seria filha de uma das vítimas em
Olinda. Esse caso faz parte de outro inquérito que está sendo conduzido pela
Polícia Civil. “Eles teriam matado essa mulher que era pedinte e ficado com a
criança. A menina tem dois registros de nascimento falsos. O primeiro foi
registrado na Paraíba, no Conde, com o nome do irmão do réu. Uma das suspeitas
assumiu a identidade da vítima, tirou carteira de identidade, cartão de
crédito, tudo”, informou Vasconcelos.
Sobre a defesa dos suspeitos, o promotor
acredita que siga a tese de inimputabilidade. “Isso significa que eles não
podem ser responsabilizados por esses crimes por possível doença mental. É
provável que o processo gire em torno dessa tese de que eles não teriam
conhecimento da ilicitude do fato e não poderiam se determinar de acordo com
esse entendimento. Vamos ver a postura que vai se adotar. A denúncia foi
recebida agora, está na fase inicial”, comentou. “Por outro lado, eles fizeram
compras com o cartão de uma das vítimas, assinavam por ela. A gente se pergunta
se eles realmente não tinham consciência do fato”, indaga.
Com relação à suspeita de que as carnes
das vítimas eram usadas para fazer salgados que seriam vendidos na cidade, o
promotor acredita que parece mais uma lenda. “Não tiro a possibilidade, mas
também não tem como provar. No inquérito tem uma pergunta que foi feita ao
homem: se eles utilizavam as carnes nas coxinhas. Ele disse que se elas [as
suspeitas] fizeram isso não tinham autorização para tanto, elas sabiam que era
para o consumo em casa. Eles tratavam isso como missão, como ritual. A gente
não tem como provar, nos autos, especificamente, em termo de depoimento, eles não
falaram nada. Se não me engano, uma das mulheres disse isso em uma entrevista”,
finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário