De Correio Braziliense
Por Marcos Coimbra
Marcos Coimbra, do Vox Populi |
Ainda é cedo - na verdade, muito cedo -
para chegar a qualquer conclusão, mas parece que, nas capitais estaduais, as
próximas eleições serão marcadas mais pela mudança que pela continuidade.
É o que indicam as pesquisas
disponíveis, realizadas, ao longo dos últimos meses, por empresas regionais e
nacionais.
Pesquisas feitas a essa distância da
eleição municipal costumam pintar quadros bem diferentes dos que terminam por
prevalecer. Ao contrário das eleições gerais - especialmente as presidenciais -
em que parcelas significativas do eleitorado se informam e decidem com
antecedência, a escolha de prefeitos tende a acontecer tardiamente.
Recém entramos, nesta segunda quinzena
de junho, na reta final da eleição. As convenções partidárias estão em
andamento, com resultados muitas vezes incertos.
Na maior parte das cidades, só no final
do mês conheceremos o cardápio completo que será oferecido aos eleitores - com
os nomes dos candidatos a prefeito, vice-prefeito, as coligações e os apoios
que receberão.
Tanta indefinição recomenda olhar com
cautela o que dizem as pesquisas. Muita água ainda vai passar por baixo da
ponte.
Hoje, no entanto, considerando as 24
capitais para as quais dispomos de dados, são poucos os casos de prefeitos que
disputam a reeleição com favoritismo ou têm sucessores em posição confortável.
Nítidos, são apenas dois: os prefeitos
de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes
(PMDB). Somente eles passam de 40% nas pesquisas atuais - com destaque para o
mineiro, que chega a 50%.
Em 3 capitais, os prefeitos também se
saem bem, mas em patamar inferior. Em Goiânia, Paulo Garcia (PT) lidera sozinho
na faixa de 25%, o mesmo nível que alcança Luciano Agra (PSB), de João Pessoa –
mas empatado com José Maranhão (PMDB). Em Porto Alegre, José Fortunati (PDT)
está na frente em algumas pesquisas e atrás de Manoela D’Ávila (PCdoB) em
outras.
Se as eleições fossem agora, os
prefeitos de seis outras capitais teriam dificuldade de renovar seus mandatos. Alguns estão muito mal.
Três se elegeram em 2008 e chegam a este
ponto de suas administrações com avaliação insatisfatória: Micarla de Souza
(PV), em Natal, Amazonino Mendes (PDT), em Manaus, e João Castelo (PSDB), em
São Luís.
Três eram vices e assumiram em 2010, na
desincompatibilização dos titulares: Chico Galindo (PDT), de Cuiabá, Luciano
Ducci (PSB), de Curitiba, e Elmano Ferrer (PTB), de Teresina.
No total, 11 prefeitos de capital devem
buscar a reeleição, mas poucos parecem ter chance elevada de obtê-la. E as
perspectivas para seis não são boas - sendo péssimas para alguns.
Nas 13 capitais restantes, o cenário que
predomina é de mudança e não de continuidade. A julgar pelas pesquisas do
primeiro semestre, os grupos políticos que atualmente controlam as prefeituras
terão problemas para permanecer no poder na maioria delas.
E isso não acontece com um ou outro
partido. Todos enfrentam situação semelhante.
Considerado o conjunto das capitais, a
possibilidade é alta de que tenhamos uma safra de prefeitos com perfil
diferente do atual. Alternância parece ser a palavra de ordem.
Tudo isso, é claro, se as pesquisas não
mudarem. E vão mudar.
Em função de suas especialíssimas
condições de mídia, as eleições de prefeito são - por excelência - as eleições
das “surpresas”. Nelas, mais que em qualquer outra, é até comum o surgimento de
“fenômenos” de última hora (entre os quais o renascimento de nomes que pareciam
fora do páreo - quem não se lembra do
caso de João Henrique (PP), prefeito de Salvador, que, em 2008, estava em
quarto lugar nas pesquisas e terminou reeleito?).
Mais adiante, depois que a população for
apresentada, efetivamente, aos candidatos e às suas propostas, é que teremos
como avaliar se é mesmo mudança que ela deseja na gestão das capitais.
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