Bordoni chama Cachoeira de “Al Capone do
Cerrado” e coloca à disposição seus sigilos bancário, fiscal e telefônico
iG São Paulo

Segundo Perillo, a sua campanha teria
pago cerca de R$ 33 mil à Art Midi, empresa a que Bordoni se associou para
trabalhar na campanha do governador. "Se os senhores provarem onde está
minha assinatura nessa nota eu engulo essa folha", disse o jornalista
mostrando o documento que teria sido apresentado por Perillo.
Bordoni chamou o bicheiro Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, de Al Capone do Cerrado e colocou à
disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Ele disse que foi
pago com recursos do caixa 2 da campanha do governador por serviços prestados
em 2010 e recebeu R$ 45 mil na conta de sua filha, Bruna Bordoni, da empresa
Alberto e Pantoja, investigada pela Polícia Federal como parte do esquema
criminoso atribuído a Cachoeira.
"O meu serviço limpo foi pago com
dinheiro sujo", disse o jornalista que produziu os programas de rádio da
campanha de Perillo. "O que existiu, de fato, foi o pagamento feito a mim
com dinheiro de caixa dois", destacou.
À Justiça Eleitoral a campanha de
Perillo diz que pagou cerca de R$ 33 mil à Art Midi, empresa que Bordoni se
associou para trabalhar pela eleição do governador. Bordoni negou que tivesse
se associado à empresa e disse que o valor de seus serviços prestados foram
acertados verbalmente com o próprio governador. O jornalista disse que o
pagamento acertado era no valor de R$ 120 mil, mais R$ 50 mil de bônus, caso
houvesse a vitória.
De acordo com seu depoimento, antes do
início dos programas eleitorais, recebeu R$ 40 mil das mãos do então candidato,
R$ 30 mil em setembro de 2010 e R$ 10 mil em dinheiro. Do combinado, restavam
R$ 40 mil, mais o bônus. Bordoni alega que passou para Lúcio Fiúza, assessor de
Perillo, o número da conta de sua filha para que os depósitos fossem
realizados. Mas, segundo Bordoni, Lúcio repassou a informação a empresas
ligadas a Cachoeira.
Bordoni gastou o início de seu
depoimento, falando que participava das campanhas de Perillo por acreditar nos
planos do governador. "Por Marconi, eu topava qualquer parada",
disse. Quanto a Cachoeira, o jornalista disse não conhecer o contraventor - a
quem chamou de "Al Capone do cerrado" - e negou que tentara
chantageá-lo.
"Quem sou eu para achacar o rei do
achaque, o Al Capone do Cerrado. Vou processar todos eles, inclusive o dono da
banda dos desafinados. Nada tenho a esconder, não temo encarar ninguém, seja
quem for", disse a testemunha. "Não se brinca com a honra e com a
dignidade das pessoas", destacou.
Briga
PT x PSDB
A exposição de Bordoni provocou uma
discussão acalorada na sessão da CPI. Isso porque o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP) fez um pedido de ordem acusando a testemunha de fazer
"ilações" indevidas contra Perillo. O deputado Silvio Costa (PTB-PE)
interrompeu o colega criticando-o. "O deputado Carlos Sampaio ontem
reclamou do relator. E agora um jornalista está esclarecendo isso aí e ele está
atrapalhando o depoimento", disse.
Quando a palavra voltou a Bordoni, ele
passou a se dirigir nominalmente a Sampaio, irritando o parlamentar. "Eu
não admito que vossa excelência fale sobre mim. Não concebo que vossa
excelência se dirija a mim", disse o tucano.
Bordoni, então, disse que "quem
está em casa acompanhando essa transmissão vai saber muito bem analisar os
fatos que alguns dos senhores não estão preocupados em esclarecer coisa
alguma". Outros deputados ficaram enfurecidos, e Rubens Bueno (PPS-PR)
chegou a chamar o depoente de "vagabundo". "Isso é
molecagem", acrescentou Sampaio.
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