Adversária de Perillo, Íris de Araújo
(PMDB-GO) afirma receber “recadinhos” intimidatórios sobre seu comportamento na
comissão
Fred Raposo - iG Brasília
Integrante da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Cachoeira, a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO) relata ter
recebido ameaças de integrantes do governo de Marconi Perillo (PSDB), em Goiás.
“(São) recadinhos. ‘Ó, fulano disse - sempre alguém do governo - que o
tratamento aqui vai ser de acordo com o comportamento na CPI’”, conta ao iG a
peemedebista, que é rival de Perillo na política goiana.
Sem nomear os autores das ameaças, ela
afirma se tratar de “mensagens esporádicas”. “Numa festa uma amiga chega e diz:
‘Olha, alguém me falou que é melhor maneirar, porque é perigoso. Você está
mexendo com pessoal envolvido com o crime. Isso eu recebi várias, mas não dei
importância”, frisa a parlamentar.
Segundo Íris, contudo, as principais
ameaças se deram de maneira anônima, pelo Twitter, após a deflagração da
Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que resultou na prisão do contraventor
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mais cedo, na sessão da CPI, Íris
revelou ter recebido pelo menos dez mensagens ofensivas por meio da rede
social.
“Algumas diziam que ia ser metralhada,
apagada”, afirma. “Dei importância às que recebi no Twitter porque na época
fazia discursos fortes em relação ao envolvimento do governador de Goiás com o
jogo do bicho”. Ela explica que decidiu revelar as ameaças na CPI após saber
das intimidações a procuradores e juízes relacionados ao caso Cachoeira.
Há duas semanas, o juiz federal Paulo
Augusto Moreira Lima, responsável pela concessão das prisões executadas na
Operação Monte Carlo, se afastou de suas funções da Justiça Federal de Goiás
por “desconforto” e “cansaço”, mas admitiu a desistência por “ameaças veladas”.
Ele foi substituído pelo juiz federal Alderico Rocha Santos.
A procuradora Léa Batista de Oliveira
também teria sofrido intimidação semelhante ao receber ameaças por e-mails após
o término das investigações da Monte Carlo. A Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR) cobrou ‘medidas imediatas e eficazes de
segurança’ para os responsáveis pelas investigações da operação.
Íris explica ter encaminhado, no início
do ano, relato das ameaças à Mesa Diretora da Câmara, mas afirma que não foram
tomadas quaisquer providências. Esta quarta-feira, ela entregou a papelada ao
presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). “Ele disse que tomaria as
providências cabíveis”, conclui a deputada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário