sábado, 24 de novembro de 2012

Macarrão é condenado a 15 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio


PAULO PEIXOTO

ENVIADO ESPECIAL DA FOLHA A CONTAGEM (MG)

Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, foram condenados no começo da madrugada de sábado (24) pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, em junho de 2010.

Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão, sendo 12 deles em regime fechado, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e absolvido pela ocultação de cadáver.

"[O homicídio] foi um crime torpe, com asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima", disse a juíza Marixa Rodrigues ao ler a sentença. Macarrão chorou a ouvir sua condenação. Ele vai cumprir a pena na Penitenciária Nelson Hungria, onde já está preso.

A juíza considerou como atenuante na pena de Macarrão o fato de ele ter confessado participação e assumido, na quinta-feira, pela primeira vez nesse processo, a morte de Eliza. Ele pegou a pena mínima.


Já Fernanda foi condenada a cinco anos de prisão por cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho dela com o goleiro Bruno. Como a condenação foi menor do que seis anos, ela cumprirá pena em regime aberto.

Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, disse que vai analisar a decisão para saber se vai recorrer. "A defesa vai analisar oportunamente na semana que vem se vai interpor recurso. Mas a defesa entende que foi uma vitoria. A confissão partiu dele [Macarrão] e beneficiou a ele", disse, reforçando a afirmação de que não houve um acordo com a Promotoria. "O promotor [Henry Wagner de Castro] sustentou a acusação".

A advogada da ex-namorada de Bruno, Carla Silene, comemorou a decisão, mas disse que vai recorrer. "A nossa grande vitória foi a Fernanda não ser pronunciada por homicídio. Mas nos vamos recorrer. Não queremos que a Fernanda tenha antecedentes criminais".
A mãe de Eliza conversou com os jornalistas no final do julgamento e se disse aliviada com a decisão dos jurados. "Estou aliviada, mas esperava mais. A Justiça está começando a ser feita. Estou aliviada, mas não estou feliz. Estaria feliz se estivesse com a minha filha", afirmou Sônia Fátima de Moura.

O promotor Henry de Castro evitou comemorar a condenação de Macarrão e Fernanda. "Não há vitória porque uma pessoa morreu. Mas é uma forma de reparação. Infelizmente nem todos foram julgados. Esse foi um júri para constatar que Eliza está morta. O próximo passo é constatar quem a matou", disse ele.

A decisão dos sete jurados --seis mulheres e um homem-- saiu após cinco dias de julgamento, que foi marcado por tumultos, troca de advogados e desmembramento de processos.

A expectativa agora é para saber como a decisão de hoje vai influenciar o julgamento de Bruno, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador, que foi adiado para 4 de março.


JULGAMENTO

O julgamento começou com cinco réus --o goleiro Bruno, seu ex-secretário Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, e a ex-namorada Fernanda Castro--, mas foi reduzido para dois. Todos são réus no processo sobre a morte e desaparecimento de Eliza Samudio, em junho de 2010.

Bola foi excluído do júri logo no primeiro dia para apresentar novos advogados após a desistência de seus dois defensores, Ércio Quaresma e Zanone Oliveira.

No segundo dia de julgamento, Bruno dispensou o advogado, Rui Pimenta, de sua defesa. A tentativa do goleiro de destituir também seu advogado, Francisco Simim, culminou no desmembramento do julgamento da ex-mulher de Bruno, Dayanne.

No terceiro dia de júri, a defesa do goleiro usou um dispositivo legal para separar o julgamento de Bruno, transferindo os poderes de defender o réu.

Francisco Simin, dessa forma, passou o caso para Lúcio Rodolfo da Silva, que pediu um prazo para ler o processo. O novo julgamento está previsto para ocorrer dia 4 de março de 2013.

Na noite de quarta-feira (21), antes de Macarrão iniciar seu depoimento, a juíza indicou que a pena do réu seria atenuada com a confissão do crime.

A fala de Macarrão virou a madrugada de quinta-feira e incriminou Bruno pelo desaparecimento e morte de Eliza. Ele afirmou que o goleiro havia pedido que ele levasse Eliza até um ponto próximo da Toca da Raposa --centro de treinamento do Cruzeiro na Pampulha, em Belo Horizonte-- onde um homem a estaria esperando. "Eu estava pressentindo que ela iria morrer."

Até então, o réu, acusado de participação no crime, nunca havia falado oficialmente sobre a morte da modelo.

quinto dia e último dia foi marcado pelos debates da defesa e da acusação para tentar convencer os jurados da responsabilidade dos réus no crime, que culminou na condenação de ambos.

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