
“A Ciência falou mais alto. Tenho uma
necessidade gigantesca de estar com os estudantes. De discutir. De dialogar. De
ouvir os meus colegas. A Universidade é minha trincheira. Ou berço. Depois de
tantos anos tentando dedicar tempo integral à universidade, creio que é chegada
a hora. Meu coração pede. A mão reclama. Os pés ardem de vontade de estarem lá”,
diz Kardec.
Na carta, o ex-secretário faz questão de
elencar os avanços na educação do município de São Luís, ao longo de dez meses
de gestão.
“Só se combate o crime, Edivaldo, com
educação. Ela é revolucionária por reformar o ser humano. Internamente! São
Luís tem todas as condições de sair da masmorra. E a solução está em ensinar
cooperação, solidariedade, respeito ao outro em uma dimensão transdisciplinar”,
afirma.
Confira o teor da carta encaminhada por
Allan Kardec ao prefeito Edivaldo Holanda Júnior.
A Edivaldo Júnior
Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD,
professor da UFMA.
Caro
amigo. Escrevo esta carta por algumas razões. A primeira é certamente para
fazer um agradecimento público. Afinal, não devemos nos esquivar ou nos
esconder vergonhosamente quando trabalhamos muito, fizemos mais e progredimos
incrivelmente. A segunda é para poupar-te inúmeros questionamentos. Em geral,
sou dos que gostam de se calar quando a vozearia se intensifica. Afinal, o
momento político é um dos mais tensos. A terceira é para me explicar aos vários
companheiros de jornada.
Mas
o principal objetivo é dizer que chegou o fim desta minha jornada como teu
secretário de Educação. Já vinha matutando - como todo matuto faz - na idéia há
algum tempo. Afinal, pensei que conseguiria manter-me conectado com a sala de
aula na Universidade (de onde sou!). Sou apaixonado por Ciência. Pelo
laboratório. Pelo contato com os alunos.
Tive
quatro anos na ANP, como diretor. E, agora, mais dez meses servindo na educação
de São Luís. Pensei em sair no início do ano que vem. Fecharia um ciclo
completo. Mas preferi antecipar meu pedido, que espero o aceite. Porque tens de
planejar o ano de 2014. Que vai ser incrivelmente diferente do que foi 2013.
Assim como este ano foi um passo gigantesco em relação aos anos anteriores.
Senão
vejamos. Começamos o ano garantindo que ele não teria solução de continuidade.
Não houvesse paradas. Fizemos o TAC com o Ministério Público - e aproveito aqui
para agradecer o grande brasileiro Paulo Avelar pelo compromisso diário de
defesa da educação de qualidade! Ao mesmo tempo em que organizávamos a
secretaria em termos administrativos, retirando-a da fancaria. À época - início
do ano - lembro que recebemos 30 escolas quebradas e mais de 150 em estado
francamente degradante.
Ainda
hoje, dez meses após o acontecido, não entendo como alguém pode quebrar coisas
de indefesos, como de crianças de 4 anos de idade. Mesinhas, cadeirinhas,
panelas, tudo quebrado ou roubado. Salas de aulas incendiadas. Imediatamente
entramos para garantir que o ano se iniciasse no dia 25 de fevereiro. Foram
feitas obras de engenharia não só nas 30 citadas, mas em quase 90 no total.
Intervenções na área elétrica, hidráulica e sanitária, para termos o mínimo de
garantias que funcionassem. Numa condição de adversidade incrível em que nos
encontrávamos: sem informação nenhuma sobre nosso fôlego financeiro.
Ao
mesmo tempo, tivemos de garantir transporte escolar, que serve 4500 alunos.
Ativar cinco ônibus do "Caminho da Escola" que estavam parados.
Afiançar segurança nas escolas, que não existia. Hoje chegamos a quase 100%!
Assegurar pessoal de conservação e limpeza. Quem suporta sujeira?
Demos
mais um grande passo reconhecendo vários direitos dos professores. Não fizemos
mais do que a obrigação, é certo. Mas não é fácil construirmos pontes em
abismos gigantescos. Não se faz educação sem professor. Embora ele não
prescinda igualmente do estudante - que é o fim, a razão da educação. Com
diálogo e transparência, foram reconhecidos os direitos à progressão horizontal
e vertical, adicional de difícil acesso, adicional de titulação e outros que
não lembro agora. Além de 9,5% de aumento - um dos maiores do Brasil! Aqui
agradeço à professora Elizabeth Castelo Branco pelo trabalho incansável no
Sindicato em defesa dos professores, com quem muito aprendi.
Neste
momento, gostaria de lembrar de algo que não acreditei quando vi. Trabalhadores
que não tinham vínculo empregatício, mas estavam nas escolas. Fomos ao
Ministério Público do Trabalho. Fizemos um acordo judicial para assegurar a
estes que recebessem. Foram beneficiados 1100! E, neste momento, os incansáveis
profissionais da Semed fazem esforços para que os trabalhadores que estavam de
fato nas escolas sejam absorvidos no novo contrato.
Fizemos
também a Mobilização pela Educação. Nosso IDEB é sofrível. E só se recupera
fazendo o essencial: que os pais estejam nas escolas. Criança precisa de
família para aprender. Escolhemos 20 escolas de baixo IDEB, além da localização
geográfica e inicamos a tarefa de fazer a roda girar. Chamamos os empresários,
as igrejas, os conselhos e outras secretarias, e, juntos, trabalhamos para
tirar São Luís da situação lamentável que se encontrava.
Junto
com a FUNC, fizemos a Feira do Livro. FELIS. A cidade vibrou literatura. Arte.
Cultura. O Centro Histórico relembrou a São Luís histórica. E inovamos. Fizemos
o Passaporte Literário, garantindo a compra de livro por parte dos estudantes.
Pais exultaram. Senhoras de 50 anos puderam comprar seu primeiro livro!
Iniciamos
as reformas das escolas. Mas sem nos esquecermos do calor. Salas foram
climatizadas. Professores me relatam a alegria. Estudantes agora pedem para
fazer o lanche na própria sala de aula. Mais qualidade de vida para a meninada.
Mais:
das 25 creches anunciadas, já assinei 13 contratos para construção. Elas podem
ser construídas logo. E serem entregues ainda no primeiro semestre de 2014!
Entrego-te também todo o seletivo para 1000 professores preparado! O edital já
pode ser lançado.
Fizemos
muito mais. Alfabetização na Idade Certa e Saúde na Escola, em parceria com a
UFMA, por exemplo; Neurociência na educação infantil; Reativação da Casa das
Águas; Alfabetização para pacientes com problemas renais. Mas vou me abster de
citar todos.
Acho
que, neste momento, tens um ambiente estável para continuar teu trabalho na
educação. Sempre disse que tínhamos que trocar o pneu com o carro andando.
Afirmo com muita alegria que trocamos foram todos os pneus! Agora, o trabalho é
de lubrificar, pintar, organizar a casa. Tínhamos, no início do ano, uma tarefa
colossal. Quase intransponível. Agora, tens uma grande tarefa. O caminho está
pavimentado.
Nesse
caminho, acho eu, é fundamental o Plano Municipal de Educação. A equipe da
Semed trabalha, sob tua orientação, para a educação integral. Não só a de
"tempo integral". Mas uma educação libertadora. Ela só acontece
quando ela ataca o âmago, o centro, o cerne. E essa está na formação de seres
humanos cooperativos. Só se combate o crime, Edivaldo, com educação. Ela é
revolucionária por reformar o ser humano. Internamente! São Luís tem todas as
condições de sair da masmorra. E a solução está em ensinar cooperação,
solidariedade, respeito ao outro em uma dimensão transdisciplinar. O Plano
Municipal que está sendo elaborado tem essa cara humana e libertadora.
Creio
que minha tarefa está finda. Entrego-te uma secretaria certamente com os
problemas colossais resolvidos. Outros menores há. E haverá. Educação não para.
Agora,
falo com muita tranquilidade e transparência: a Ciência falou mais alto. Tenho
uma necessidade gigantesca de estar com os estudantes. De discutir. De
dialogar. De ouvir os meus colegas. A Universidade é minha trincheira. Ou
berço. Depois de tantos anos tentando dedicar tempo integral à universidade,
creio que é chegada a hora. Meu coração pede. A mão reclama. Os pés ardem de
vontade de estarem lá.
Agradeço
à equipe da Semed. Indiscriminadamente. Homens e mulheres dedicados.
Construtores do heroísmo. Aos diretores e diretoras. Professores e professoras.
Aqui
me despeço. Continuarei torcendo para que tua equipe siga adiante. Que faça
mais avanços. Que saceie a sede de alegria que tem o povo.
Grande
abraço.
.
PELO ANDAR DA CARRUAGEM,E PELA DANÇA DAS CADEIRAS...LÁ SE VAI MAIS UM SECRETÁRIO DE "GESTÃO HOLANDA JR" E QUANDO SERÁ QUE O NOBRE PREFEITO VAI MESMO TRABALHAR EM PROL DA POPULAÇÃO LUDOVICENSE..? POIS NA VERDADE,HOLANDINHA AINDA NÃO MOSTROU SERVIÇO,PRINCIPALMENTE NA QUESTÃO EDUCAÇÃO MUNICIPAL,POIS O QUE VEMOS ATUALMENTE...É COLÉGIOS CAINDO MUROS,ANEXOS SENDO FECHADOS POR FALTA DE PAGAMENTOS,CRECHES COM SALÁRIOS DO CORPO DOENTE,ATRASADOS HÁ 10 MESES...CRIANÇAS SEM MERENDA ESCOLAR,E O LEITE NAS ESCOLAS,QUE FOI PARALISADO A DISTRIBUIÇÃO,SERÁ QUE O LEITE,FARDAMENTOS,MATERIAIS DIDÁTICOS,E REFORMAS DAS UNIDADES DE ENSINO MUNICIPAL,SÓ VAI MELHORAR EM 2014,ANO ELEITORAL...OU EU ESTOU ENGANADO..?
ResponderExcluirSoltarei foguetes de alegria pela saida deste. No inicio do ano a conversa era uma, agora outra. Devem ser apuradas as irregularidades que foram denunciadas e ele deve ser chamado para responder. Fica aqui uma pergunta. Quem ira tentar corrigir os erros que ele cometeu durante estes dez meses. Demissoes injustas. Falta de educacao e humanidade. Arrogancia. Prepotencia. E mais,deixa a semed como se fosse o bonzao? Nada fez, e continua nao entendendo de educacao. Lamentavel!
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