Rádio Voz do Maranhão

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Juiz Márlon Reis é defendido pelo Instituto de Fiscalização e Controle em nota de repúdio ao presidente da Câmara


A reação do Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, à matéria veiculada no programa da TV Globo, Fantástico, no domingo dia 8 de junho necessita de ser avaliada a partir de dois aspectos, um positivo e outro negativo. A favor da Câmara, e de seu presidente, pode-se dizer que era absolutamente necessário que houvesse alguma resposta por parte do Parlamento Federal. Pesa contra a Câmara, e seu presidente, no entanto, o mérito da resposta, que segue na linha utilizada a exaustão no cenário político nacional, da defesa mediante a acusação.

Na ausência de nota oficial da Câmara dos Deputados, e de seu presidente, comentamos a seguir trechos da matéria publicada no sítio da internet da Câmara dos Deputados, na página Câmara Notícias 

Quanto à ideia de que “a reportagem divulgada no Fantástico no domingo ‘desestimula o exercício da cidadania e, ao contrário do objetivo veiculado, reforça a ideia de que a política de nada serve à população brasileira’”, há uma série de equívocos que comentamos a seguir.

O que desestimula o exercício da cidadania não é a matéria de televisão ou o livro do Dr. Marlon Reis, e, sim, os abusos cometidos pelos agentes públicos e a desigualdade nas condições de eleição em função do sistema eleitoral vigente. Assim, a “ideia de que a política de nada serve à população brasileira” são decorrentes das práticas narradas no livro e não na divulgação televisiva dessas práticas. E mais, não se trata de uma ideia, mas de prática verificada e comprovada no dia a dia dos brasileiros.

É ainda mais absurda a crítica de que não a Câmara dos Deputados não teve direito de defesa, conforme a seguinte afirmação: “As diversas alusões a um deputado fictício, associadas a repetidas imagens no Plenário da Câmara dos Deputados e do Palácio do Congresso traduzem exercício impróprio do direito de informar: sem possibilitar o direito de defesa, vilipendiam a imagem do Parlamento”. Tal comentário confunde elementos distintos, criando uma tese estranha de que o livro do Dr. Marlon Reis estaria fazendo acusações: não está, o livro contém informações sobre fatos que são verificados no cotidiano da política eleitoral brasileira. O vilipêndio à Câmara dos Deputados tem sido cometido por seus próprios integrantes, em uma série de escândalos dos quais só se menciona aqui a manutenção do mandato de um parlamentar condenado pela Justiça e preso! A imagem do parlamento tem sido diariamente vilipendiada pelos acordos espúrios ali realizados, o distanciamento da população e a simbiose com o Poder Executivo que descaracteriza sua competência constitucional.

Quanto à ideia de que “o desvio de verbas de merenda escolar e de asfaltamento – não podem ser atribuídas ao Congresso Nacional” trata-se de meia verdade. De fato, a liberação dos recursos provenientes de emendas parlamentares ao orçamento da União é de responsabilidade do Poder Executivo. No entanto, são inúmeros os casos de irregularidades na execução dessas emendas.

Dentre todas as reações citadas, a mais descabida é a do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que se referiu ao Dr. Marlon Reis nos seguintes termos: “Esse cidadão foi leviano com esta Casa, achacou contra a honra de 513 deputados com suposições, como se todos fôssemos responsáveis pela conduta de um parlamentar que não identificou”, afirmou.

Diante de tal comentário, a impressão que fica é de um parlamentar acuado pelas informações trazidas à luz pela reportagem do Fantástico. 

A reação da Câmara dos Deputados demonstra arrogância, incapacidade de reconhecimento de erros e despreparo para a convivência e a aceitação de críticas.

Os movimentos sociais de controle social no País esperam do Parlamento Federal, neste momento:

1. O reconhecimento de que no sistema eleitoral brasileiro as práticas relatadas na reportagem do Fantástico são verdadeiras e que é necessário reformar o modelo para evitá-las.

2. O reconhecimento de que a insatisfação popular com o parlamento tem origem no desvirtuamento da ação dos parlamentares, que vem ocorrendo há décadas no País, fazendo com que as casas legislativas percam o respeito da população.

3. O reconhecimento de que o sistema eleitoral brasileiro, e de maneira mais ampla, o sistema político representativo precisa de reforma urgente.

4. A convocação para os cidadãos participarem de forma consciente dos pleitos eleitorais de outubro próximo, de forma a promover a eleição de pessoas comprometidas com o interesse público.

5. A preparação de orientação e a divulgação de informação aos eleitores que os permita conhecer de maneira aprofundada a história e as propostas dos candidatos à Câmara Federal no pleito de outubro próximo.

Além disso, instamos a Câmara dos Deputados a convocar o Dr. Marlon Reis para que ele exponha perante esta casa legislativa as informações levantadas em suas pesquisas, de forma a promover as mudanças institucionais necessárias para conter os abusos ali levantados.

Agindo assim, a Câmara dos Deputados dará provas de sua maturidade, seriamente questionada no episódio aqui comentado, em função da reação de seu presidente e outros de seus membros, que em nenhum momento tratam do conteúdo da questão, essa sim, matéria de grande relevância para a Nação. A citada reação, inclusive, coloca em cheque diante dos eleitores a credibilidade dos parlamentares que a promoveram, por sua inadequação. Aguardamos, portanto, nova manifestação do presidente da Câmara dos Deputados, mais contrita, e condizente com os anseios dos cidadãos.

Diretoria IFC

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