Carlos Alberto da Costa, réu na ação da
Lava Jato, afirmou que acordos eram “uma forma de trazer licitude"
por Andreza Matais, Fabio Fabrini e
Fausto Macedo
O Estado de S. Paulo
Em depoimento à Justiça e ao Ministério
Público, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa afirmou que grandes
empreiteiras firmaram contratos fictícios com a GFD Investimentos, empresa do
doleiro Alberto Yousseff. “Era uma forma de trazer licitude para justificar o
ingresso do serviço na empresa… A GFD não prestava serviço de assessoria
financeira”, afirmou o advogado, em depoimento gravado em vídeo.
O advogado relacionou as empresas Mendes
Junior e Sanko Sider que teriam contrataram serviço “fictício” da empresa de
Youssef. Carlos Alberto afirmou que ele assinava como representante da GFD
esses contratos “fictícios” como procurador do doleiro. “Não teria corpo físico
para prestar esse tipo de serviço de assessoria financeira.”
Um dos contratos assinados é entre a GFD
e a Sanko Sider. O objeto do contrato é de consultoria e assessoria em
administração financeira. “Não foi feito . Esse contrato foi assinado a pedido
do Youssef. Esse serviço nesses termos não foi prestado. Era um contrato para
justificar o ingresso de recursos na conta da GFD. Youssef alegava que era
dinheiro devido a ele por conta de intermediação de negócio.”
O advogado afirmou que as empreiteiras
pagavam a Youssef por ele ter intermediado negócios para elas. “Ele me passou
que fazia intermediação de venda de produtos da Sanko com a Camargo Correia.
Eram comissões oriundas da venda de tubos, materiais.” Ele afirmou não saber se
os pagamentos tinham relação com negócios na Petrobrás na área comandada por
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás acusado de participar do esquema
de Youssef. Conforme o advogado, o dinheiro recebido das empreiteiras era usado
por Youssef “na aquisição de ativos ou para atender as necessidades de demanda
de caixa da Marsans, braço brasileiro da empresa espanhola de turismo adquirida
pelo doleiro.”
A revista Época revelou que no
depoimento o advogado também contou que políticos frequentavam o escritório da
GFD. “Seu Alberto Youssef tinha um escritório separado na São Gabriel (avenida
no bairro do Itaim, em São Paulo) e lá permaneceu até 2013. A partir de 2013
quando ele foi para dentro do escritório da GFD, que era um andar inteiro, ele
ficava no fundo do escritório e lá a gente sabia que havia movimentação de
recursos financeiros. Chegavam pessoas com dinheiro e saíam”, contou. “Existiam
vários deputados no escritório do Alberto, incialmente a gente chegou a ver
essas pessoas lá.”
O esquema de Youssef foi desbaratado
pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Segundo a PF, ele operava um
esquema ao lado do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que movimentou
R$ 10 bilhões e envolveu propina a deputados, senadores, governadores. A
revista Veja citou o nome do ministro Edison Lobão como envolvido no esquema.
Segundo o advogado, Youssef e Paulo Roberto se conheceram por meio do
ex-deputado José Janene. “O senhor José Janene tinha um contato com o senhor
Paulo Roberto que havia sido indicado pelo PP para ocupar função de diretor na
Petrobrás. Havendo essa relação do Alberto com o Janene deve ocorrer daí esse
conhecimento entre eles.” A indicação de Paulo Roberto inicialmente feita pelo
PP foi “embarrigada” pelo PT e PMDB. Paulo Roberto e Youssef estão presos na
superintendência da PF em Curitiba (PR)
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