SÃO LUÍS — Em depoimento prestado na
Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) nesta quarta-feira,
em São Luís (MA), o presidiário André Escócio de Caldas afirmou que recebeu
promessa de dinheiro e regalias na Central de Custódia de Presos de Justiça
(CCPJ), de Pedrinhas, onde está preso, para gravar vídeo contra o candidato
Flávio Dino (PCdoB), que disputa a eleição para governador do Maranhão contra
Lobão Filho (PMDB). André figura em vídeo veiculado nos últimos dias pela TV e
Rádio Difusora (retransmissoras do SBT, ambas de propriedade de Lobão Filho) e
por blogs e portais de jornalistas ligados ao grupo Sarney.
Ouvido pelo delegado Tiago Mattos
Bardal, André Escócio afirmou que o vídeo foi gravado há pouco mais de uma
semana, na sala do diretor da CCPJ de Pedrinhas, Carlos Aguiar. De acordo com o
depoimento, para gravar o vídeo o presidiário teria recebido do diretor
“promessa de um alvará de soltura e mais uma boa quantia em dinheiro, além do
declarante [André Escócio] ficar ‘blindado’ (protegido) no sistema”, caso
apontasse Flávio Dino e outras duas pessoas – Weverton Rocha (candidato do PDT
à reeleição como deputado federal) e uma certa Patrícia – como mandantes de um
assalto ao carro-forte de um banco, ocorrido no campus da Universidade Estadual
do Maranhão (Uema) em 11 de fevereiro passado, que rendeu R$ 900 mil aos
criminosos.
Carlos Aguiar também prestou depoimento
à Seic na manhã desta quarta-feira. O chefe de segurança da CCPJ, identificado
como Nilson, teria feito a gravação do vídeo, testemunhada, ainda, segundo
André Escócio, por um agente penitenciário chamado Robson. O chefe de segurança
e o agente igualmente serão ouvidos pela Polícia.
O depoimento de André Escócio,
confessando sua participação na farsa, foi encaminhado nesta quarta-feira pelo
delegado Tiago Bardal para a delegada geral da Polícia Civil Maria Cristina
Resende Meneses. O candidato Lobão Filho negou participação na produção do
vídeo. O PCdoB pediu que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF)
também investiguem o caso.
TENSÃO NAS RUAS
Em novos ataques de criminosos, mais 4
ônibus e 6 carros são incendiados no Maranhão
A cidade de São Luís vive um clima de
tensão crescente desde que, no sábado passado, criminosos – a mando de
presidiários que estão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, segundo a
polícia – atearam fogo em seis ônibus e numa van de lotação. Na noite de domingo
e na madrugada de segunda-feira, os bandidos voltaram a agir, incendiando
quatro ônibus e nove carros. O fórum de um município vizinho a São Luís –
Raposa – também foi atacado a bala. Ninguém ficou ferido nos ataques.
Devido à insegurança nas ruas, os motoristas
de ônibus resolveram recolher os veículos para as garagens às 18h, na
terça-feira, e a partir das 20h, nesta quarta-feira. Após de uma conversa com
representantes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e da Polícia
Militar (PM), o sindicato da categoria informou que a Polícia ofereceu
garantias aos trabalhadores – com blitz em pontos estratégicos da Grande Ilha
(São Luís e municípios vizinhos). Com isso, os ônibus voltarão a circular no
período noturno.
FORÇA NACIONAL
Ao menos mais 150 homens da Força
Nacional (FN) – segundo o GLOBO apurou – devem reforçar o contingente de 150
militares da FN que já atuam em São Luís.
O pedido de reforço foi feito pela
governadora Roseana Sarney (PMDB) na segunda-feira (22) e aprovado pelo
Ministério da Justiça na terça (23). Os homens da FN devem chegar à capital
maranhense entre esta quinta e sexta-feira.
Diferentemente do contingente que já
está em São Luís – que tem a missão de dar apoio nas operações de segurança nos
presídios do Complexo de Pedrinhas –, os militares que chegarão nas próximas
horas à capital maranhense terão como principal atribuição atuar no policiamento das ruas.
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