O detento André Escócio Caldas, preso
desde fevereiro no Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do complexo
penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, acusado de roubo, desse ontem, em
depoimento à Polícia Civil, ter recebido promessas de dinheiro e outros
benefícios para gravar um vídeo no qual envolve o candidato do PC do B ao
governo do Estado, Flávio Dino, no assalto a um carro-forte no campus da
Universidade Federal do Maranhão.
O vídeo foi exibido no início da semana
em um programa de grande audiência da TV Difusora, pertencente à família do
adversário de Dino, o senador Edison Lobão Filho (PMDB). A gravação foi
reproduzida em um jornal da família Sarney e se tornou tema da campanha.
Segundo o Ibope, Dino lidera a disputa
pelo governo do Maranhão com 42% das intenções de voto ante 30% de Lobão Filho,
que tem apoio dos Sarney.
Segundo o vídeo teria, Dino teria
ligações com integrantes da facção criminosa Bonde dos 40, suspeita de ter
assaltado o carro-forte na universidade federal em fevereiro deste ano.
Diretor
No depoimento prestado ontem, Caldas
confirma ter informações sobre os autores do assalto, mas nega a participação
do candidato do PC do B. O presidiário disse ter sido retirado da cela há cerca
de 20 dias pelo diretor da CCPJ, Carlos Aguiar, e por um dos chefes de segurança
do presídio. Na sala do diretor, ele teria recebido “promessas de conseguirem
um alvará de soltura e mais uma boa quantia em dinheiro, além do declarante
(Escócio) ficar ‘blindado’ (protegido) no sistema” caso aceitasse gravar o
vídeo e “conversar para aparecer o nome de Flávio Dino”.
Segundo o depoimento, a gravação foi
feita na própria sala do diretor da CCPJ e registrada por uma câmera e um
telefone celular. Caldas afirma ter tomado conhecimento de que o vídeo estava disponível
nas redes sociais por meio de outros colegas, que ouviram notícias na Rádio
Difusora, também de propriedade de Lobão Filho, e no jornal O Estado do
Maranhão, pertencente aos Sarney. De acordo com o presidiário, quando a notícia
se espalhou os demais detentos reagiram aos gritos de “vai morrer, vai morrer”.
Também ouvido ontem, Aguiar confirmou
ter feito a gravação e ter dito a Caldas que se ele conseguisse comprovar as
denúncias poderia receber benefícios do Judiciário. O diretor da CCPJ, no
entanto, declarou desconhecer a forma como as imagens foram parar no internet e
negou ter atuado em nome de partidos políticos.
Proteção
Ainda ontem um dos coordenadores da
campanha de Flávio Dino foi a Brasília para se encontrar com o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, e representantes do Ministério da Justiça.
Ele pediu proteção da Polícia Federal e
o envio de tropas federais até São Luís para garantir a realização das
eleições.
Crise na segurança
Com a liderança nas pesquisas, o candidato
do PC do B tem chances de quebrar a hegemonia de seis décadas da família Sarney
e seus aliados no governo do Maranhão. Dino alega que o calor da disputa eleitoral
aliado à crise de segurança no Estado, agravada por uma fuga em massa em
Pedrinhas, pode causar turbulências durante a votação.
O complexo penitenciário em São Luís é
destaque na mídia nacional desde o ano passado, quando ao menos 60 detentos
foram assassinados nas dependências do local, formado por sete prisões.
O presídio é considerado um dos mais
violentos do País. Somente neste ano já foram registradas 16 novas mortes no
local e fugas em massa: 92 presos conseguiram escapar. O presídio também enfrenta
problemas de superlotação, com mais de 2,4 mil detentos.
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