Nossa frágil e tenra democracia atravessa um grande e perigoso momento de turbulência. Forças reacionárias, que serviram ao Regime Militar,
comandam uma tentativa de golpe contra um governo legitimado pela maioria do
povo brasileiro.
Essas forças golpistas escolheram este 13 de
dezembro para a realização de manifestações pró-impeachment da presidente Dilma
Roussef em todo o Brasil. Impedimento que se configura em golpe, levando-se em
conta as justificativas apresentadas para tal ato, sem a comprovação de algum
crime de responsabilidade por parte da presidente que o justifique.
Não custa lembrar que foi em 13 de dezembro de 1968
que mergulhamos no período mais duro da ditadura militar.
Vale a pena relembrar esse momento para aqueles que
almejam colocar no poder as forças reacionárias, compostas por um elite política política que almeja impor suas vontades à maioria da
população, barrando a sequência de conquistas sociais. Querem o país mergulhado no caos novamente, com desemprego, arrocho e aumento da miséria, com o fim de programas que beneficiam a maioria da população.
Relembrando o Ato Institucional nº 5
O ministro da Justiça, Gama e Silva (à esquerda), e o locutor
Alberto Curi anunciam o AI-5 no salão principal do Palácio Laranjeiras


"Previsão do tempo:
Tempo negro.
Temperatura sufocante.
O ar está irrespirável.
O país está sendo varrido por fortes ventos.
Máx.: 38º, em Brasília.Mín.:5º, nas Laranjeiras.
(Publicado no Jornal do Brasil, no dia seguinte à
decretação do AI-5)
Em 30 de dezembro saiu a primeira lista de
cassações, com 11 deputados federais _dentre eles Márcio Moreira Alves
(MDB-RJ), Hermano Alves (MDB-RJ) e Renato Archer (MDB-MA). A segunda lista, de
19 de janeiro de 1969, incluiu dois senadores _Aarão Steinbruck e João Abraão_,
35 deputados federais, três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) –Hermes
Lima, Vítor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva– e um ministro do STM (Superior
Tribunal Militar) – Peri Constant Bevilacqua, que, segundo escreveu o porta-voz
de Costa e Silva, Carlos Chagas, era acusado de "dar habeas corpus
demais".
Três meses desde a edição do AI-5, encarregados dos
inquéritos políticos passaram a poder prender quaisquer cidadãos por 60 dias,
dez dos quais deveriam permanecer incomunicáveis. "Em termos práticos,
esses prazos destinavam-se a favorecer o trabalho dos torturadores", conta
Elio Gaspari no livro "A Ditadura Envergonhada". Sessenta e seis
professores foram expulsos das universidades – dentre eles Fernando Henrique
Cardoso, Florestan Fernandes e Caio Prado Júnior. Emissoras de televisão e de
rádio e redações de jornais foram ocupadas por censores. Artistas como Marília
Pêra, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram apenas os primeiros a conhecer as
carceragens da polícia política.

O AI-5 – que foi seguido por mais 12 atos
institucionais, 59 atos complementares e oito emendas constitucionais – duraria
até 17 de outubro de 1978. Sobre ele disse Costa e Silva, em discurso transmitido
por rádio e TV, no último dia de 1968: "Salvamos o nosso programa de
governo e salvamos a democracia, voltando às origens do poder
revolucionário". Em 13 de janeiro de 1969, o coronel João Batista
Figueiredo, ex-chefe da Agência Central do SNI (Serviço Nacional de
Informações) e ex-presidente da República (1979-1985), mandava carta a Heitor
Ferreira, secretário de Geisel e Golbery: "Os erros da Revolução foram se
acumulando e agora só restou ao governo 'partir para a ignorância'".
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