Leonardo Lucena
Brasil 247

Enquanto aliados da
presidente Dilma Rousseff (PT) e os políticos a favor do impeachment contra a
petista saia do papel acirram suas disputas políticas, o ex-ministro da
Integração Nacional Ciro Gomes (PDT-CE) vê na tentativa de golpe contra a
presidente Dilma Rousseff, estimulado por tucanos e por aliados do
vice-presidente Michel Temer, uma real possibilidade de firmar como uma
alternativa à polarização PT-PSDB. Na tarde deste sábado, sem meias palavras,
ele afirmou que 'Temer é o capitão do golpe'.
Em referência ao presidente da Câmara Federal,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestes a ser cassado por contas secretas na Suíça e
suspeita de prestar favores o BTG Pactual, de André Esteves, preso na Operação
Lava Jato, Ciro bateu duro no peemedebista. “Não aceitaremos que um chefe de
quadrilha processado na justiça por corrupção leve o País à ruptura
democrática! Não aceitaremos o golpe”, afirmou, na semana passada, via rede
social.
Disparando críticas contra Cunha, Ciro chamou o
deputado de “ladrão”, acusou o vice-presidente Michel Temer de estar
conspirando a favor do impeachment da presidente Dilma. À jornalista Mariana
Godoy, o pedetista disse, nesta sexta-feira (4), que Temer é “sócio em tudo” de
Cunha.
Ciro não aliviou para o vice-presidente e afirmou
que o peemedebista está sendo hipócrita com o discurso das “pedaladas fiscais”.
De acordo com o ex-ministro, há separados decretos assinados por Temer, nos
seus períodos de interinidade, onde ele também praticaria “pedaladas”
orçamentárias.
Ex-ministro do governo Lula e ex-deputado federal,
Ciro que também foi governador do Ceará e prefeito de Fortaleza, inicia suas
movimentações diante do conturbado contexto político-econômico para ser o
candidato da esquerda à presidência da República, caso o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não tente o seu terceiro mandato.
Um fator que pesa a favor do pedetista, ex-candidato
à presidência da República, em 1998 (ficou em terceiro lugar) e em 2002 (em
quarto), é o aumento da rejeição das principais lideranças políticas nacionais.
Pesquisa divulgada pelo Ibope, no dia 26 de outubro, o percentual dos que dizem
que não votariam de jeito nenhum Lula saltou de 33% em maio de 2014 para 55%
agora.
A rejeição também aumentou para outros possíveis
presidenciáveis. A o senador Aécio Neves (PSDB-MG) subiu de 42% para 47% em um
ano, a da ex-ministra Marina Silva (Rede), de 31% para 50%; a do senador e
ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), de 47% para 54% em dois anos.
No caso do atual chefe do executivo paulista,
Geraldo Alckmin (PSDB), não há comparativo, mas a rejeição é de 52%, assim como
de Ciro.
Apesar de uma rejeição se superior a 50%, Ciro Gomes
tem a seu favor a divisão o racha entre o PSDB de São Paulo e o de Minas.
De um lado, o governador Geraldo Alckmin (SP)
articula uma operação para firmar seu nome em nível nacional. No entanto, a
crise hídrica no estado e a recente truculência da polícia paulista contra os
estudantes que protesta contra o fechamento de escolas, que o governo diz ser
uma reorganização escolar (o projeto foi suspenso) pesam contra o tucano.
Um reflexo de que uma eventual candidatura de
Alckmin à presidência terá de ser árdua é a sua popularidade, que, segundo
pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 de novembro, atingiu a sua pior
marca: 28% do eleitorado paulista qualifica o desempenho do tucano como ótimo
ou bom, a menor taxa de aprovação na série do instituto ao longo dos quatro
mandatos dele, desde 2001. De acordo com o levantamento, a reprovação também é
recorde, pois 30% dos paulistas classificam o desempenho do governador como ruim
ou péssimo (leia mais aqui).
Por sua vez, o senador Aécio Neves (MG) aproveita a
onda pró-impeachment e continua a desferir fortes críticas à presidente Dilma
para tirá-la do poder. Mas vale ressaltar que, apesar de a última eleição
presidencial ter sido bastante apertada (51% para Dilma contra 48% do tucano),
o parlamentar mineiro perdeu em seu próprio reduto eleitoral (Minas Gerais),
onde governou por oito anos tanto no primeiro quanto no segundo turno do
pleito. Um dos principais políticos a favor do impeachment, o congressista
também não conseguiu deixar claro à população quais seriam suas propostas para
retomar o crescimento econômico do País.
Fator Lula
No PT, mesmo com uma presidente cuja popularidade
gira em torno de 10%, Ciro precisa ponderar suas estratégias tendo em vista a
possibilidade de Lula ser candidato nas próximas eleições. Próximo ao
ex-presidente, o pedetista ajudou o governo do petista, no final do seu
primeiro mandato, a driblar o bombardeio sofrido por conta do 'mensalão'. O
ex-governador manteve o apoio a Lula em 2010 e a Dilma em 2014, mas sonha em
ser presidente, assim como outras personalidades políticas nacionais.
Apesar dos escândalos da Operação Lava Jato e das
dificuldades de governabilidade da presidente da República, a pesquisa feita
pelo Ibope apontou que o ex-presidente ainda é o nome mais forte para a disputa
presidencial de 2018 - a taxa de eleitores que dizem que com certeza votariam
no petista ainda é maior do que a de todos os seus rivais: 23% (veja aqui).
Outra pesquisa, do Datafolha, divulgada no final do
novembro, apontou que o ex-presidente é considerado o melhor da história por
39% dos brasileiros, mais um fator que fará Ciro ter de suar ainda mais para
conquistar o eleitorado (saiba mais aqui).
Já circula nas redes sociais (Twitter e Facebook)
páginas a favor da candidatura de Ciro, um reflexo das suas movimentações rumo
ao Palácio do Planalto. Mas não será uma tarefa muito simples para o pedetista
costurar apoios políticos disparando críticas contra PMDB e PSDB, além de
almejar ser alternativa ao governo Dilma. E passar por cima do ex-presidente
Lula, com quem tem uma relação amistosa, será o maior desafio de Ciro.
Essa analise do Ciro compartilho integralmente,tenho discutido em rodas de conversas esta postura hipocrita do Temer.O PMDB tá atolado nessa história.Ruim com a Dilma pior sem a Dima.Quem perde é a economia, o mercado, o povo que paga a conta dessa ladroagem.Quando vi a lavajato deixei de votar na Dilma.Mudar agora gera uma incerteza no futuro desse país.Varinha de condão só em desenho animado.Povo tá levando é taca.
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