Podemos lembrar os duros tempos em que diretores de escolas eram escolhidos por governadores e prefeitos, geralmente por indicação de algum aliado poderoso para satisfazer grupos políticos localizados em disputas eleitorais.

Editorial JP
A construção do regime democrático não
acontece apenas quando se quebra uma ordem ditatorial estabelecida; é preciso
repor, paulatinamente, o estado de direito que vem com a livre manifestação, a
liberdade de expressão e o direito de escolha. Períodos ditatoriais ocorridos
de forma recorrente aleijaram a democracia brasileira. Foi uma longa caminhada
até o direito de escolher nossos governantes, até que manifestações populares
deixassem de ser tratadas como crime de subversão, até a relativa liberdade de imprensa
que temos hoje.
Podemos lembrar os duros tempos em que
diretores de escolas eram escolhidos por governadores e prefeitos, geralmente
por indicação de algum aliado poderoso para satisfazer grupos políticos
localizados em disputas eleitorais. Um diretor de escola, assim, se transmudava
para uma espécie de guardião dos interesses do poder, um agente público
designado muito mais para atender a interesses de chefes políticos que para
gerenciar uma escola. O diretor que não rezasse na cartilha dos poderosos era
sumariamente demitido ou transferido. Um verdadeiro ato de tirania.
A escolha dos gestores escolares em todo
o Maranhão, hoje, por quase 500 mil maranhenses é um marco na história das
conquistas democráticas no Brasil. Uma luta que, provavelmente, nasceu nas
universidades, no limiar de regimes de exceção que nomeavam reitores
pusilanimemente preparados para justificar aqueles regimes. E esse avanço
democrático mais nos orgulha pelo pioneirismo do Maranhão, que se inscreve na
História entre os primeiros estados a realizar eleições diretas para gestores
escolares. Coincidentemente, a Bahia realizou, também na data de ontem, a
primeira eleição direta nas escolas.
A eleição, que ocorre em 455 escolas do
governo do Estado, com a participação de toda a comunidade escolar, é mais um
ato a revelar a transparência e a inevitável predileção do governo pela
democracia, a liberdade de escolha que durante tanto tempo nos foi negada nos
mais diversos setores da vida pública e da vida privada. São mais de 400 mil eleitores
cadastrados para mostrar, votando, que democracia real não é apanágio apenas do
primeiro mundo.
“Estamos vivenciando um momento
importante na educação do Maranhão. O governador Flávio Dino compreende que a
gestão escolar democrática é aquela que rompe com as práticas individualistas e
leva a produzir melhores resultados de aprendizagem dos estudantes. Este é o
exemplo que queremos dar”, afirmou a secretária de educação, Áurea Prazeres.
E, sem sombra de dúvidas, são exemplos
como este que o Maranhão espera de um novo modo de governar que nasce no
Maranhão.
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