Numa escala de 0 a 10 de acesso a
informação, três de cada cinco municípios tirariam nota menor que 5
Por André Souza
O Globo
Por André Souza
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Apenas 59 prefeituras (1,06% do total)
conseguiram nota entre 9 e 10. A nota máxima inclusive, foi obtida por apenas
sete municípios, dos quais quatro são do Rio de Janeiro - Duque de Caxias ,
Macaé, Niterói e Nova Iguaçu - e três do Rio Grande do Sul - Porto Alegre,
Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. À medida que as notas abaixam, vai
aumentando o número de municípios. Ao todo 3,9% tiraram entre 8 e 8,9; outros
8,12% ficaram entre 7 e 7,9; 11,62% entre 6 e 6,9; enquanto 13,43% tiraram
entre 5 e 5,9. Ao todo, 63 municípios ficaram no limite da reprovação, com nota
5.
Abaixo disso, aparecem os outros 3.446
municípios brasileiros, ou 61,88% do total. A faixa de nota mais baixa, que vai
de 0 a 0,9, é a mais numerosa. Há 1.086 prefeituras, ou 19,5% do total, nessa
categoria. A maior parte sequer conseguiu pontuar: são 649 municípios com
transparência zero.
A estratégia do Ministério Público
Federal é divulgar as notas e, a partir disso, negociar extrajudicialmente com
as prefeituras para que elas melhorem sua transparência. Ainda nesta
quarta-feira, deverão ser feitas mais de 5 mil recomendações a vários
municípios brasileiros. Depois disso, caso a nota não melhore, a intenção é
apresentar ações de improbidade administrativa para responsabilizar os gestores
municipais. Segundo Fábio George Cruz da Nóbrega, integrante do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), essas ações deverão ser apresentadas
apenas no segundo semestre de 2016.
— Para aqueles que não cumpriram (as
recomendações para melhorar a transparência), pensamos no ajuizamento de ações
de improbidade — disse Fábio Jorge, acrescentando:
— Hoje em dia, a gente sempre prioriza
os instrumentos extrajudiciais.
O procurador Ronaldo Queiroz, secretário
executivo da 5ª Câmara de Combate à Corrupção do MPF, acrescenta que as ações
serão ajuizadas somente após uma segunda avaliação, que deverá ser feita entre
abril e maio.
— Após a segunda avaliação, para os
prefeitos que não cumpriram, vamos entrar com uma ação repressiva. Nos casos
mais graves, uma ação de improbidade administrativa — explicou Queiroz.
As capitais costumam ter notas mais
altas que as demais cidades. Ainda assim, a prefeitura de Porto Alegre foi
única que tirou 10. Em seguida vêm São Paulo (9,3), João Pessoa (9) e Maceió
(9). Empatados em quinto lugar estão Rio de Janeiro, Belém e Cuiabá, com 8,5.
Três capitais tiraram menos de 5: Palmas (3,7), Manaus (3,9) e Macapá (4,3).
O MPF também fez uma avaliação dos
estados. Nesse caso, as notas costumam ser melhores que as dos municípios.
Ainda assim, apenas o Espírito Santo tirou 10. Em seguida aparecem Santa
Catarina (9,8), Mato Grosso (9,5) e Rio Grande do Sul (9). Em quinto lugar,
aparecem Distrito Federal e Paraíba, com 8,3. A nota do DF é a mesma de Brasília,
uma vez que o Distrito Federal não é dividido em municípios. Quatro estados
tiveram nota abaixo de 5: Mato Grosso do Sul (1,4), Ceará (2,6), Amazonas (4,6)
e Roraima (4,9).
O MPF também fez uma média dos
municípios de cada estado. Destaque para Santa Catarina, cujos municípios
tiveram nota média de 6,86. Em seguida vêm Rio Grande do Sul (média de 6,06) e
Paraíba (6,03). Os três são os únicos estados onde os municípios tiveram média
superior a 5. O estado do Rio de Janeiro, com 4,45, teve a sexta melhor média
municipal. As piores médias são dos municípios do Piauí (0,85), Maranhão
(1,15), Alagoas (1,78) e Sergipe (1,96).
No Rio, além dos quatro municípios nota
10, destaque para Resende, com 9,5. Ao todo, 51 cidades do estado tiveram nota
menor que 5, das quais três - Paracambi, Rio das Flores e São Fidélis - tiraram
0.
A Controladoria-Geral da União (CGU),
que integra o Executivo Federal, também vem elaborando rankings de
transparências, mas que não abrangem todos os municípios. O último
levantamento, divulgado em 20 de novembro, avaliou 1.587 cidades por exemplo.
Além disso, a CGU observou principalmente a transparência passiva, ou seja, se
as prefeituras responderam devidamente perguntas enviadas por servidores do
órgão, que apenas tomaram o cuidado de não se identificarem como tais. Já o MPF
privilegiou a transparência ativa, ou seja, se as prefeituras mantém portais
para divulgar informações sem a necessidade de alguém pedir esses dados, e
qualidade dessas informações.
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