O vice-presidente disse que o PMDB está
pronto para "resgatar os valores da República e reencontrar a via do
crescimento econômico e social".
A convenção vem sendo classificada como
"um aviso prévio" do PMDB à petista.
O PMDB está com um pé fora do governo. O
desembarque geral pode ocorrer daqui a 30 dias ou até quando a presidente Dilma
aguentar a pressão por uma renúncia. É tudo o que o vice-presidente Michel
Temer deseja.
Em Convenção, neste sábado (12), véspera
de movimentos pró-impeachment, o partido de Temer decidiu que está vetada a
entrada de qualquer peemedebista no governo nos próximos 30 dias. Acreditam que
seja o período em que os rumos do governo serão decididos: se Dilma continua no
poder ou sofre processo de impeachment. A maioria aposta no impedimento, o que seria a ascensão do PMDB ao
comando do país.
Nas entrelinhas de seu discurso, o
vice-presidente deixou claro que almeja a cadeira de Dilma Roussef quando disse
que o PMDB está pronto para "resgatar os valores da República e
reencontrar a via do crescimento econômico e social".
Na contramão do PT, que chegou a
convocar protestos para o mesmo dia e local dos que estão programados em defesa
do impeachment, o vice-presidente, meio que avalizando os protestos dos
opositores do governo, afirmou que "Não é hora de dividir os brasileiros,
de acirrar ânimos, A hora é de construir pontes".
A própria militância do partido deixou
claro para onde Michel Temer está caminhando, com essa postura de quase ruptura
com o governo: a presidência. Ele chegou ao microfone aos gritos de
"Brasil para frente, Temer presidente". Durante todo o ato, a
militância entoou coro de "Fora Dilma", numa referência à presidente
Dilma Rousseff, e "Fora PT". Houve até convocação para as
manifestações deste domingo (13).
O vice chegou ao local do evento, em
Brasília, acompanhado dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado,
Renan Calheiros, além de José Sarney, escolhido presidente de honra do PMDB. A
presença de Cunha e Sarney eclipsou os aplausos na entrada do vice.
Da plateia vieram gritos isolados de
"Fora Cunha" e, antes de falar, Sarney ouviu um princípio de vaia. A
fala de Temer, no entanto, foi aclamada pelos ouvintes.
Ao final da convenção, Temer foi
reeleito com 96% dos votos de 390 participantes do evento.
'SAÍDA
JÁ'
Apesar do acordo fechado pela cúpula do
partido de adiar qualquer decisão sobre o rompimento com o governo, a liberação
dos discursos contra a aliança entre o PMDB e o PT acabou marcando a convenção.
Cotado para assumir a Secretaria
Especial de Aviação Civil, o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) foi hostilizado nos
microfones. Colegas de parlamento chamaram a negociação da vaga de
"vexame" e cobrou, em diversos momentos, que o PMDB deliberasse
imediatamente sobre a ruptura com o governo.
"Vocês são jovens e ainda vão
entender que decisão de maioria a gente respeita", disse o ex-ministro
Eliseu Padilha, aliado de Temer, ao tentar conter os gritos de "entrega os
cargos" entoados pela militância ao final do ato.
Integrantes das alas que ainda defendem
a aliança com Dilma, não subiram no palanque para defender o governo. O líder
do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que indicou ao menos quatro
ministros da petista, justificou a discrição com o discurso de que, se tentasse
discutir, acabaria expondo uma divisão na sigla.
Com isso, os defensores do desembarque
do PMDB foram unânimes nos microfones. Ex-petista, a senadora Marta Suplicy,
que será candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, chegou a dizer que a
sigla precisa se desvincular de um governo que considera "corrupto" e
"incompetente".
A convenção vem sendo classificada como
"um aviso prévio" do PMDB à petista. A expectativa é de que, após a
repercussão das manifestações contra o governo e o fim do julgamento sobre o
rito do impeachment, a sigla finalmente deixe o governo Dilma.
Com informações da Folha de São Paulo e
edição do blog
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