sábado, 12 de março de 2016

“Capitão do golpe”, Michel Temer acredita no impeachment de Dilma e prepara desembarque do governo em 30 dias

O vice-presidente disse que o PMDB está pronto para "resgatar os valores da República e reencontrar a via do crescimento econômico e social".
A convenção vem sendo classificada como "um aviso prévio" do PMDB à petista.

O PMDB está com um pé fora do governo. O desembarque geral pode ocorrer daqui a 30 dias ou até quando a presidente Dilma aguentar a pressão por uma renúncia. É tudo o que o vice-presidente Michel Temer deseja.

Em Convenção, neste sábado (12), véspera de movimentos pró-impeachment, o partido de Temer decidiu que está vetada a entrada de qualquer peemedebista no governo nos próximos 30 dias. Acreditam que seja o período em que os rumos do governo serão decididos: se Dilma continua no poder ou sofre processo de impeachment. A maioria aposta no impedimento, o que seria a ascensão do PMDB ao comando do país.

Nas entrelinhas de seu discurso, o vice-presidente deixou claro que almeja a cadeira de Dilma Roussef quando disse que o PMDB está pronto para "resgatar os valores da República e reencontrar a via do crescimento econômico e social".

Na contramão do PT, que chegou a convocar protestos para o mesmo dia e local dos que estão programados em defesa do impeachment, o vice-presidente, meio que avalizando os protestos dos opositores do governo, afirmou que "Não é hora de dividir os brasileiros, de acirrar ânimos, A hora é de construir pontes".

A própria militância do partido deixou claro para onde Michel Temer está caminhando, com essa postura de quase ruptura com o governo: a presidência. Ele chegou ao microfone aos gritos de "Brasil para frente, Temer presidente". Durante todo o ato, a militância entoou coro de "Fora Dilma", numa referência à presidente Dilma Rousseff, e "Fora PT". Houve até convocação para as manifestações deste domingo (13).

O vice chegou ao local do evento, em Brasília, acompanhado dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, além de José Sarney, escolhido presidente de honra do PMDB. A presença de Cunha e Sarney eclipsou os aplausos na entrada do vice.

Da plateia vieram gritos isolados de "Fora Cunha" e, antes de falar, Sarney ouviu um princípio de vaia. A fala de Temer, no entanto, foi aclamada pelos ouvintes.

Ao final da convenção, Temer foi reeleito com 96% dos votos de 390 participantes do evento.

'SAÍDA JÁ'
Apesar do acordo fechado pela cúpula do partido de adiar qualquer decisão sobre o rompimento com o governo, a liberação dos discursos contra a aliança entre o PMDB e o PT acabou marcando a convenção.

Cotado para assumir a Secretaria Especial de Aviação Civil, o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) foi hostilizado nos microfones. Colegas de parlamento chamaram a negociação da vaga de "vexame" e cobrou, em diversos momentos, que o PMDB deliberasse imediatamente sobre a ruptura com o governo.

"Vocês são jovens e ainda vão entender que decisão de maioria a gente respeita", disse o ex-ministro Eliseu Padilha, aliado de Temer, ao tentar conter os gritos de "entrega os cargos" entoados pela militância ao final do ato.

Integrantes das alas que ainda defendem a aliança com Dilma, não subiram no palanque para defender o governo. O líder do PMDB da Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que indicou ao menos quatro ministros da petista, justificou a discrição com o discurso de que, se tentasse discutir, acabaria expondo uma divisão na sigla.

Com isso, os defensores do desembarque do PMDB foram unânimes nos microfones. Ex-petista, a senadora Marta Suplicy, que será candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, chegou a dizer que a sigla precisa se desvincular de um governo que considera "corrupto" e "incompetente".

A convenção vem sendo classificada como "um aviso prévio" do PMDB à petista. A expectativa é de que, após a repercussão das manifestações contra o governo e o fim do julgamento sobre o rito do impeachment, a sigla finalmente deixe o governo Dilma.

Com informações da Folha de São Paulo e edição do blog

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