"O Poder Judiciário não pode mandar carta para passeata. [...] E se um juiz quiser fazer passeata, há um caminho. Basta pedir demissão. Não use a toga para fazer política. Isso acaba por destruir o Poder Judiciário", afirmou o maranhense.
"É preciso conter os abusos judiciais. Quando um juiz abusa não significa dizer que todos abusam mas esse abuso contamina a ordem jurídica", completou.
Ouça a íntegra do discurso do governador Flávio Dino
Ouça a íntegra do discurso do governador Flávio Dino
MARIANA HAUBERT
FOLHA DE SÃO PAULO/DE BRASÍLIA
O governador do Maranhão, Flávio Dino
(PC do B), afirmou nesta terça-feira (22) que há, hoje em dia, uma tentativa de
um golpe orquestrado por parte do Poder Judiciário para impedir que a
presidente Dilma Rousseff possa concluir o seu mandato.
Ex-presidente da Ajufe (Associação dos
Juízes Federais do Brasil), o maranhense criticou a atuação do juiz Sergio
Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, ao, sem citar o
nome do magistrado, afirmar que é preciso "conter os abusos
judiciais".

Dino afirmou ainda que o país assiste
hoje ao crescimento de manifestações "fascistas" que defendem a
violência como atuação política e que estão em busca de um "de um führer,
de um protetor". "Ontem foram as forças armadas, hoje é a toga
supostamente imparcial e democrática", disse.
Ele participou do ato de juristas,
advogados, promotores e defensores públicos contrários ao impeachment da
presidente Dilma Rousseff realizado nesta manhã no Palácio do Planalto.
Batizado de "Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia", o
evento temcomo tom principal críticas à atuação de Moro, responsável pelas
investigações da Operação Lava Jato.
Sem citar o nome do magistrado, Dino
criticou a nota enviada pelo juiz a veículos de comunicação no domingo (13)
logo após as manifestações pró-impeachment em que afirmou ter ficado
"tocado" com o apoio à Operação Lava Jato nos atos pelo país.
"O Poder Judiciário não pode mandar
carta para passeata. [...] E se um juiz quiser fazer passeata, há um caminho.
Basta pedir demissão. Não use a toga para fazer política. Isso acaba por
destruir o Poder Judiciário", afirmou o maranhense. "É preciso conter
os abusos judiciais. Quando um juiz abusa não significa dizer que todos abusam
mas esse abuso contamina a ordem jurídica", completou.
O maranhense afirmou ainda que há no
país uma luta recorrente das elites sociais pela manutenção de seus
privilégios. "É uma estratégia perene da luta política do nosso país. Ela
obedece a uma lógica: esconder verdadeiros problemas. A maior corrupção que
pode existir é a desigualdade e injustiça social. E aqueles que querem situar
apenas a corrupção do Estado, querem apenas defender seus privilégios de classe
e de casta. É 1% da população que usa há várias décadas essa estratégia para
defender seus interesses", disse.
Além de Dino, outros juristas discursam
neste momento no Palácio do Planalto. Ao chegar para o evento, Dilma foi
bastante aplaudida pelos presentes ao ser anunciada. Enquanto a petista
cumprimentava alguns convidados, a plateia entoou o grito de "não vai ter
golpe".
Na semana passada, sob o comando do
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Câmara instalou a comissão
especial que vai analisar o processo de impeachment. O peemedebista tem realizado
sessões plenárias em dias não comuns à sua realização para acelerar a
tramitação do caso. A expectativa dos deputados é votar o impedimento de Dilma
até o fim de abril.
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