O empresário já liberou executivos da empresa a negociarem acordo de delação premiada com a Justiça e estuda fazer ele mesmo acordo de colaboração.
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O ex-presidente e herdeiro do grupo
Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos e 4
meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar
organização criminosa.
Ele estava preso desde julho de 2015, quando
foi alvo de uma fase da Operação Lava Jato, e virou réu da Justiça um mês
depois.
O empresário já liberou executivos da
empresa a negociarem acordo de delação premiada com a Justiça e estuda fazer
ele mesmo acordo de colaboração. Rogério Araújo, Márcio Faria, César Rocha e
Alexandrino Alencar, ex-executivos da empreiteira, também foram condenados.
Como antecipou a Folha, os ex-diretores
da construtora estudam aderir a acordos para evitar o cumprimento de penas
duras.
OUTRO LADO
Procurada, a assessoria de imprensa da
Odebrecht ainda não se pronunciou sobre a condenação.
Nas alegações finais do processo,
entregues na semana passada, a defesa de Marcelo pediu sua absolvição com base
no argumento que o grupo de acusados era uma "gigantesca rede", com
"estrutura descentralizada", e que não havia como o réu saber de tudo
que acontecia na organização.
As alegações finais, assinadas pelo
advogado Nabor Bulhões, afirmam que, se houve algum pagamento a funcionários da
Petrobras, aconteceu "à revelia" dele.
CONTAS NO EXTERIOR
Embora a Odebrecht sempre tenha negado o
uso de contas secretas no exterior, documentos bancários enviados pelas
autoridades da Suíça e de Mônaco, além de extratos entregues por pelos
delatores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, ex-funcionários da Petrobras,
revelam que a empreiteira repassou dinheiro a membros da diretoria estatal.
Extratos bancários apreendidos na 23ª
fase da Lava Jato, chamada de Acarajé, revelam que dois executivos da
Odebrecht, Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares,
controlavam contas no exterior e intermediaram repasses ao marqueteiro João
Santana, preso no final do mês passado.
A mulher de Santana, a publicitária
Mônica Moura, confirmou em depoimento à Polícia Federal a empresa do casal
recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht via caixa dois em conta no exterior. Os
pagamentos eram referentes a dívidas de campanhas realizadas em três países:
Angola, Panamá e Venezuela.
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