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A presença de Sergio Moro na festa da Globo, e sua aceitação do prêmio, constitui um tapa na cara dos que querem acreditar numa justiça isenta. |
A condução coercitiva do ex-presidente
Lula – desnecessária e extemporânea – era o que a grande mídia, a serviço do
golpe, esperava há bastante tempo. Para os golpistas, a imagem de Lula sendo
conduzido por policiais federais era o que faltava, segundo eles, para a
consumação do golpe. Ao mesmo tempo, desmoralizava o ex-presidente,
enfraquecendo-o e tirando-o da disputa pela presidência em 2018, e fragilizava,
ainda mais, o governo da presidente Dilma. E tudo com o apoio de um juiz, que
trabalha nitidamente para destronar o PT do poder. Por que, ao longo das
investigações da Lava Jato, não foram feitas operações direcionadas aos
tucanos, também citados em delações premiadas? Porque o foco é o PT, Lula e
Dilma.
Caberia à defesa do ex-presidente Lula questionar
a possível arbitrariedade judicial, que pode ter se evidenciado com a tal
condução coercitiva, sem que o ex-presidente tenha sido convocado a prestar
depoimento e se recusado a atender a uma determinação nesse sentido. Em sua decisão,
o juiz Moro justifica que, colhendo o depoimento mediante condução coercitiva,
são menores as probabilidades de ocorrer manifestações populares que não aparentam
ser totalmente espontâneas. Ora, a decisão de conduzir coercitivamente o
ex-presidente terminou provocando manifestações ainda maiores.
Por conta dessa decisão, o Brasil está
em convulsão social. Os conflitos entre defensores do governo e aqueles que são
a favor do golpe tendem a se aumentar por todos os cantos do país. O próprio
ex-presidente, em entrevista coletiva após o ato arbitrário da justiça, afirmou
que está disposto a voltar a percorrer o país para mobilizar a militância
contra o golpe. Em vez de amedrontar, a operação midiática pode ter estimulado
a militância a voltar às ruas com mais intensidade. Era o combustível que
faltava para a eclosão de conflitos nas ruas. Um cenário de instabilidade
gerado por uma decisão judicial desastrada.
Ficou claro que o real objetivo era
garantir um fato midiático, com repercussão internacional, para descontruir a
imagem do ex-presidente. E os grandes veículos de comunicação, principalmente a
Globo - que já tinha conhecimento da operação desde às 2h da madrugada - comemoraram.
Suas TVs dedicaram muitas horas de cobertura ao fato. A Globo News fez
cobertura durante todo o dia, ao vivo. Agradecem ao juiz da Lava Jato. Só
falta, agora, para completar o golpe, o juiz determinar a condução coercitiva
da presidenta Dilma. E o juiz poderia dar por encerrados os trabalhos da Lava
Jato.
A coisa foi tão bem orquestrada que, de
imediato, Aécio Neves convocou as forças de oposição para discutir o momento e
de que forma aproveitar a espetáculo midiático para fortalecer os movimentos de
rua em favor do golpe. Era o que os golpistas esperavam para reforçar o
movimento pró-impeachment convocado para o próximo dia 13. De imediato, o PSDB
sugeriu a renúncia imediata da presidente Dilma Roussef, pois a condução
coercitiva de Lula teria produzido mais abalos ao governo. Uma mostra de que
esse era o grande momento aguardado pelos golpistas.
Na verdade, esse ato intempestivo do
juiz poderá produzir um quadro de confrontos nas ruas, um exacerbamento dos ânimos, com consequências imprevisíveis,
pois a militância do PT e dos outros partidos de sustentação do governo não vão
deixar o golpe prosperar.
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