Logo
após a abertura do processo de impeachment pela Câmara, o advogado-geral da
União apontou Cunha como "mentor e executor" do processo
CartaCapital
Após a admissibilidade do processo de
impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados, o advogado-geral da
União, José Eduardo Cardozo, denunciou o caráter político das falas dos
deputados durante a votação no domingo 17.
“As falas giraram sobre tudo, mas não
sobre os argumentos, e as falhas do relatório que foram levantadas pela defesa.
Isso nos mostra com clareza que a Câmara tomou uma decisão de natureza
puramente política, e não é isso que a Constituição prescreve para o
impeachment”, afirmou o responsável pela defesa do governo Dilma.
No regime político do parlamentarismo,
disse Cardozo, razões puramente políticas podem levar ao afastamento de um
governante. No presidencialismo, não. Por isso, a Constituição coloca o
impeachment como uma situação excepcional. “Essa situação nos deixam tristes e
indignados, pois trata-se de um golpe na democracia e nos 54 milhões que
votaram em Dilma e um golpe na Constituição”.
O advogado-geral da União também afirmou
que o processo de impeachment na Casa foi uma vingança do presidente, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). “Nos traz indignação que ele seja o grande mentor e executor
desse processo”, ressaltando, porém, que a decisão dos deputados não fará com
que Dilma “deixe de lutar pelo que acredita”.
Cardozo afirmou que Dilma não tem apego
a cargos, mas a princípios. “Ela esteve presa na Ditadura e não se acovardou. A
luta que ela desenvolverá agora é a mesma que fez antes: pela democracia”.
Lembrando que “o mundo e a história”
estão observando a situação brasileira, declarou que nenhum governo nascido de
uma ruptura terá legitimidade. “A luta agora é pela democracia”, encerrou.
Em coletiva à imprensa após a
declaração, Cardozo evitou comentar questões sobre as quais o governo ainda não
se pronunciou, como novos pacotes econômicos e a possível convocação de novas
eleições.
Sobre o seguimento do processo, o
advogado-geral da União disse que, no Senado, “é outro contexto e outra
realidade” e que lá será necessária produção de provas para que o afastamento
da presidente seja aceito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário