Ex-presidente e os filhos Roseana e Sarney Filho têm operado para assegurar apoio de parlamentares da bancada do Nordeste ao processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff
As ações de Roseana também tinham como objetivo atingir o atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que trabalhou contra o processo de impeachment.
Depois de se beneficiar dos governos de Lula e Dilma, clã Sarney, como Judas, trabalha em favor do golpe |
ERICH DECAT
O ESTADO DE S. PAULO
BRASÍLIA - De passagem pela festa de
aniversário do ex-presidente José Sarney realizada na noite desta
segunda-feira, 25, em Brasília, comitiva de senadores do PSDB foi recebida com
afagos e a informação de que a família Sarney tem operado pela aprovação do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Entre os presentes no encontro estavam o
presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e os senadores Aloysio Nunes (SP)
e Tasso Jereissati (CE). A informação de que o clã Sarney entrou em campo para
assegurar o apoio dos deputados da bancada do Nordeste a favor da saída de
Dilma foi transmitida pela ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, filha do
ex-presidente.
“Para nós foi uma surpresa porque até
então não sabíamos do posicionamento deles”, afirmou um dos tucanos presente na
festa. “Sou do grupo do Sarney e, apesar de ter votado contra, sei que a
Roseana conversou com alguns deputados do grupo que ficou do lado do Michel
Temer e a favor do impeachment”, afirmou ao Estado o deputado João Marcelo
Souza (PMDB-MA).
As ações de Roseana também tinham como
objetivo atingir o atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que
trabalhou contra o processo de impeachment. Paralelo às ofensivas de Roseana
junto aos deputados do Nordeste, o líder do PV, Sarney Filho (MA), também
assegurou 100% dos votos da bancada a favor do impedimento de Dilma.
Para integrantes da oposição, as ações
dos dois filhos de Sarney revelam que o ex-presidente também tem contribuído
para os avanços do processo de afastamento de Dilma no Congresso. Sarney, junto
com presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador Jader Barbalho (PA)
vinham sendo, dentro do PMDB, os principais críticos ao processo.
Apesar dos sinais trocados, há um
entendimento entre os opositores de que o grupo também não deverá criar
obstáculos no Senado. Um primeiro gesto neste sentido foi o pedido de demissão,
na quarta-feira passada, pelo então ministro dos Portos, Helder Barbalho, filho
de Jader.
“Acho que neste momento não tenho
direito de constranger o meu partido”, disse Helder ao Estado após deixar a
carta de demissão no Palácio do Planalto.
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