Por mensagem de texto, pediatra informou
que estava 'declinando, em caráter irrevogável', de continuar atendendo o filho
a vereadora suplente Ariane Leitão, do PT
A ex-secretária de Políticas Públicas para Mulheres, e vereadora suplente do PT de Porto Alegre, Ariane Leitão |
Gabriela Lara
PORTO ALEGRE - Em tempos de acirramento
do debate político no País, a vereadora suplente Ariane Leitão, do PT de Porto
Alegre, viveu uma situação inusitada por conta de sua filiação partidária. Há
duas semanas, um dia após a nomeação do ex-presidente Lula como ministro da
Casa Civil e a divulgação da conversa entre ele e a presidente Dilma Rousseff, Ariane recebeu uma mensagem de texto em que a pediatra Maria
Dolores Bressan informava que estava “declinando, em caráter irrevogável”, de
continuar atendendo seu filho de 1 ano.
Segundo Ariane, a médica
acompanhava o bebê desde seu primeiro mês de vida, pelo plano de saúde. Na
mensagem, ela pede que a mãe não insista em marcar mais consultas. “Depois
de todos os acontecimentos da semana e culminando com o de ontem, onde houve
escárnio e deboche do Lula ao vivo e a cores, para todos verem (representante
maior do teu partido), eu estou sem a mínima condição de ser Pediatra do teu
filho”, disse. Ariane relatou o ocorrido nas redes sociais e o assunto ganhou
repercussão. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) defendeu a
postura de Dolores e disse que ela respeitou o Código de Ética Médica. A
profissional foi procurada pela reportagem, mas não quis comentar. Abaixo, os
principais trechos da entrevista de Ariane ao Estado:
Como você reagiu à mensagem enviada pela
pediatra do seu filho?
Ficamos chocados e entendemos que é uma
violação de direitos umanos de uma criança. Fere a ética profissional. Ela
declinou do atendimento e não indicou outro médico. Pra gente que é mãe, e que
tem uma relação de cumplicidade com a médica do teu filho muitas vezes maior do
que com o teu próprio médico, é chocante, é surpreendente e também deprimente,
porque é a manifestação de ódio contra um bebê, e nada pode ser pior do que
isso.
Durante o período em que conviveram,
vocês tiveram algum tipo de indisposição por conta da posição política de cada
uma?
Nunca.
Vocês falavam sobre questões políticas?
Nunca falamos sobre política. A única
vez que o tema surgiu foi quando eu assumi temporariamente como vereadora. Meu
filho tinha 2 meses e meio e eu ainda estava amamentando. Então eu tive que
dizer para ela que estava assumindo. Ela me perguntou a que partido eu
pertencia e eu respondi que era do PT. Não teria por que eu tratar de política
com ela. Ela deve ter descontado em nós, em mim e no meu filho, a raiva que ela
estava sentindo pela situação que o País vive hoje.
Você tomou alguma medida com relação ao
ocorrido?
Ainda estamos estudando com os advogados
que ações legais serão tomadas. Por enquanto o que fizemos foi denunciar o caso
ao Conselho Regional de Medicina.
Como você encara as opiniões das pessoas
sobre o caso? Há defensores dos dois lados...
As pessoas que se manifestam a favor da
médica é só no sentido passional da questão de (eu) ser
petista, politizando o caso. Em nenhum momento eu tratei assim. Ao contrário,
eu denunciei uma politização e sigo denunciando. Acho que qualquer mãe ou
qualquer pai no meu lugar faria a mesma coisa.
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