A "saída Temer", articulada por empresários, PSDB, aliados e PMDB desembarcado do governo, tem como objetivo alavancar um pacto das elites, com o apoio da grande mídia, para realizar uma política desastrosa para os trabalhadores, marcada por mega ajuste fiscal, ataque às políticas sociais e entrega do pré-sal.
Por Luiza Erundina e Ivan Valente
O PSOL é um partido de oposição
programática e de esquerda ao governo Dilma Rousseff. Tem sido o mais duro
crítico de sua política de ajuste fiscal que gera perda de direitos dos
trabalhadores. Nunca ocupou cargos nem recebeu benesses governamentais. A luta
contra a corrupção é a marca da nossa luta.
O combate à delinquência política de
Eduardo Cunha -que, com a anuência dos partidos de oposição de direita,
continua na presidência da Câmara- é uma prova da nossa intolerância com a
corrupção. Rejeitamos também o "choque de mercado", proposto por PSDB
e DEM, que joga toda a conta da crise para os trabalhadores.
O combate eficaz à corrupção exige o
aprimoramento dos órgãos de fiscalização e controle, além de maior
transparência dos governos. Necessitamos, principalmente, de uma profunda
reforma política capaz de coibir a influência do poder econômico nas eleições,
a começar pelo fim do financiamento empresarial de campanha.
É evidente que o PT foi
"capturado" pelo fisiologismo de suas alianças, em nome da famigerada
governabilidade. E se é verdade que o PT se atolou na corrupção, é também
verdade que não foi o PT que a inventou. É a oposição conservadora a
responsável pela estruturação dos esquemas de corrupção descobertos no mensalão
e nos escândalos da Petrobras.
Apoiamos o aprofundamento das
investigações na Lava Jato, tanto que nos insurgimos contra a "operação
abafa" na CPI da Petrobras, patrocinada por PSDB, PT e PMDB.
Nada justifica, entretanto, envolver a
Lava Jato numa trama jurídica-midiática com a clara finalidade de acelerar a
derrubada da presidente da República. O ministro do STF Teori Zavascki, por
exemplo, censurou duramente a decisão do juiz Sergio Moro de divulgar conversas
interceptadas envolvendo Lula.
Agora, após diversas ações que
inflamaram a mobilização pelo impeachment, fica claro que a Lava Jato foi
contaminada pela violação da Constituição.
A decretação do sigilo da lista de
políticos que receberam recursos da Odebrecht, depois de vazada para a
imprensa, expõe mais uma contradição da Lava Jato, que a mídia tratou de
abafar: a lista envolvia mais de 300 nomes, diversificando o foco para os
velhos partidos da ordem, jogando todos na vala comum.
Enquanto isso, no Congresso Nacional, a
comissão do impeachment trabalha para construir um relatório que justifique a
cassação da presidente com base nas pedaladas fiscais. Os argumentos são
toscos, frágeis, incompreensíveis e ilegais.
Tenta-se atribuir um crime de
responsabilidade a alguém que ainda não está sequer denunciado por nenhum
crime. É, portanto, desonesto dizer, como o fazem os patrões da Fiesp, que ser
contra o impeachment é ser a favor da corrupção. Impeachment sem crime de
responsabilidade tem nome: é golpe.
A "saída Temer", articulada
por empresários, PSDB, aliados e PMDB desembarcado do governo, tem como
objetivo alavancar um pacto das elites, com o apoio da grande mídia, para
realizar uma política desastrosa para os trabalhadores, marcada por mega ajuste
fiscal, ataque às políticas sociais e entrega do pré-sal.
Essa é a alternativa conservadora à
crise, que exclui qualquer tipo de participação popular. Nutre ainda a
esperança de que a Lava Jato "baixe a bola" com as delações amplas e
irrestritas de Delcídio do Amaral,de empresários de tornozeleiras, de diretores
da Petrobras.
Tais delações atingiriam em cheio não só
o PT - o PSDB também estaria na mira. Atingiriam especialmente a cúpula do PMDB
que quer governar o país, com Temer presidente e Cunha, o
"caranguejo", vice.
LUIZA ERUNDINA, ex-prefeita de São Paulo (1989 -
1993, pelo PT), é deputada federal (PSOL/SP). É pré-candidata à Prefeitura de
São Paulo pelo PSOL nas eleições deste ano
IVAN VALENTE, deputado federal (PSOL/SP), líder
do partido na Câmara dos Deputados, é pré-candidato a vice na chapa de Erundina
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