Deltan Dallagnoll, da força-tarefa da Lava Jato, fulmina único álibi do presidente afastado da Câmara para se agarrar ao mandato e afirma que 'os criminosos mais antiquados usavam laranjas e testas de ferro'

POR JULIA AFFONSO,
MATEUS
COUTINHO,
RICARDO BRANDT E FAUSTO MACEDO
O Estado de São Paulo
O procurador da República Deltan
Dallagnol, da Operação Lava Jato, fulminou o único álibi no qual o deputado
afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se agarra para manter o mandato na Câmara.
Nesta quinta-feira, 9, o procurador que coordena a Lava Jato afirmou que
‘criminosos mais modernos usam offshores e trustes’.
Ao Conselho de Ética da Câmara,
onde enfrenta um processo de cassação, Eduardo Cunha tem batido na tecla que
não mantinha contas no exterior e, sim, trustes. Durante entrevista coletiva
sobre a denúncia contra a mulher do parlamentar, Cláudia Cruz, o procurador
atacou o argumento central do parlamentar.
“De modo bastante simples, quem
cria um truste em benefício próprio é como se usasse o truste como depositário.
É como se a pessoa entregasse para o seu gerente de banco o dinheiro para
depois recebê-lo de volta. E de modo bastante simples, nós podemos dizer que
para esconder quem é o verdadeiro proprietário do dinheiro, os criminosos mais
antiquados, mais defasados, usavam ou usam laranjas e testas de ferros. Os
criminosos mais modernos, mais sofisticados, usam offshores e trustes”, afirmou
Deltan.
Na decisão que abriu a ação
contra Cláudia Cruz, o juiz federal Sérgio Moro também desmontou o álibi de
Cunha. O magistrado considerou ‘questionável’ a versão do presidente afastado
da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), de que os valores movimentados em
contas no exterior atribuídas a ele pertencem a trusts e offshores e não estão
em seu nome.
“Em princípio, o álibi de que as
contas e os valores eram titularizados por trusts ou off-shore é bastante
questionável, já que aparentam ser apenas empresas de papel, sem existência
física ou real . A Köpek (da mulher de Cunha, Cláudia Cruz), aliás, menos do
que isso”, assinala Moro.
A reportagem entrou em contato
com o escritório que defende Idalécio e deixou recado, mas não obteve retorno.
O espaço está aberto para a manifestação do empresário.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA
PIERPAOLO BOTTINI
Claudia Cruz responderá às
imputações como fez até o momento, colaborando com a Justiça e entregando os
documentos necessários à apuração dos fatos. Destaca que não tem qualquer
relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais
denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas.
A NOTA DIVULGADA POR EDUARDO
CUNHA NO TWITTER:
“Trata-se de procedimento
desmembrado do inquérito 4146 do STF, em que foi apresentada a denúncia, pelo
Procurador Geral da República, ainda não apreciada pelo Supremo.
Foi oferecida a denúncia do
Juízo de 1º Grau, em que o rito é diferenciado, com recebimento preliminar de
denúncia, abertura de prazo para defesa em dez dias e posterior decisão sobre a
manutenção ou não do seu recebimento.
O desmembramento da denúncia foi
alvo de recursos e Reclamação ainda não julgados pelo STF que, se providos,
farão retornar esse processo do STF.
Independente do aguardo do
julgamento do STF, será oferecida a defesa após a notificação, com certeza de
que os argumentos da defesa serão acolhidos.
Minha esposa possuía conta no
exterior dentro das normas da legislação brasileira, declaradas às autoridades
competentes no momento obrigatório, e a origem dos recursos nela depositados em
nada tem a ver com quaisquer recursos ilícitos ou recebimento de vantagem
indevida.
Eduardo Cunha”
COM
A PALAVRA, A DEFESA DE JOÃO HENRIQUES:
O criminalista José Claudio
Marques Barbosa, que defende João Augusto Rezende Henriques, informou que só
vai se manifestar sobre a acusação pelos autos e após se encontrar com seu
cliente, que está preso no Paraná.
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