Para que tal medida ocorra, segundo integrantes do colegiado, basta o apoio de quatro dos sete integrantes.
Além de tentarem emparedar Maranhão, integrantes do comando da Casa também têm monitorado as movimentações do deputado para tentar se manter na cadeira. Entre as manobras que estaria sendo arquitetadas está a troca de cargos por apoio político.

ERICH DECAT - O ESTADO DE S.
PAULO
BRASÍLIA - Excluídos das
decisões administrativas tomadas pelo presidente interino da Câmara, Waldir
Maranhão (PP-MA), integrantes da Mesa Diretora da Casa pretendem “revogar”
todos os atos tomados unilateralmente pelo deputado. Para que tal medida
ocorra, segundo integrantes do colegiado, basta o apoio de quatro dos sete
integrantes. A Mesa, entre outras atribuições, dirigi os trabalhos legislativos
e os serviços administrativos da Casa.
Embora a previsão da próxima
semana seja de esvaziamento do Congresso, devido aos festejos junino, os
deputados que integram o colegiado pretendem desembarcar, em Brasília, na manhã
desta terça-feira (28), para discutirem a anulação das últimas decisões de
Maranhão. Entre elas a que flexibilizou as regras para pagamento de horas
extras aos servidores da Casa.
“Chamei a reunião para
revogarmos essa decisão do Maranhão de pedir para os gabinetes e diretorias
definirem quantos que vão fazer hora extra nas sessões”, afirmou ao Estado
primeiro-secretário, deputado Beto Mansur (PRB-SP).
Em setembro do ano passado, a
Câmara restringiu o número de servidores efetivos e comissionados que poderiam
receber o acréscimo salarial, por participarem das sessões noturnas. Antes das
regras terem sido estabelecidas, a Casa desembolsava cerca de R$ 1,2 milhão,
por sessão, com o pagamento de horas extras. Após a decisão, o gasto caiu para
R$ 517 mil. “Temos que observar o impacto da decisão do Maranhão e o momento
que nós vivemos, a realidade do País. É hora de todos dar um exemplo”, defendeu
o segundo secretário, Felipe Bornier (PROS-RJ).
Segundo os membros da Mesa
ouvidos pela reportagem, Waldir Maranhão apesar de não atender aos telefonemas
foi comunicado sobre a realização da reunião. A atuação do deputado deverá ser,
contudo, apenas protocolar. “Ele disse que reveria essa posição, não o fez,
então vamos fazer. Se ele, estiver lá e quiser participar tudo bem, senão,
vamos fazer independente da presença dele”, ressaltou o quarto secretário, Alex
Canziani (PTB-PR).
Desde que assumiu a presidência
da Câmara interinamente no início de maio, após afastamento do deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), Waldir Maranhão tem evitado realizar reunião da Mesa Diretora
para discutir questões administrativas da Casa. Tal comportamento tem irritado
os integrantes do colegiado, que muitas vezes ficam sabendo das decisões pela
imprensa.
“As decisões estavam sendo
monocrática como essa a respeito das horas extras. Agora vamos discutir todos
os atos”, ressaltou a terceira secretária, Mara Garbilli (PSDB-SP). Além da
decisão a respeito das horas extras, a ideia dos integrantes do colegiado é
rever todos atos “ad referendum” , que ainda não são de conhecimento dos
deputados.
Andamento
As iniciativas de
integrantes da cúpula da Casa para reverter decisões unilaterais de Maranhão
também contam com apoio de integrantes do próprio partido do deputado. Para o
presidente da Comissão Mista do Orçamento, Arthur Lira (PP-AL), as investidas
do colega sem a discussão prévia com as demais lideranças, tem afetado o
andamento de toda a Casa. “Veja só a última que ele fez. Tirou todas as sessões
deliberativas. Dessa forma, matou a semana porque quem vem se não há votação? E
nós lá na comissão precisávamos de quórum para dar prosseguimento na discussão
da Lei de Diretrizes Orçamentárias”, se queixou Lira. “Maranhão não tem a menor
condição de estar a frente da presidência da Câmara”, emendou.
Cargos
Além de tentarem emparedar
Maranhão, integrantes do comando da Casa também têm monitorado as movimentações
do deputado para tentar se manter na cadeira. Entre as manobras que estaria
sendo arquitetadas está a troca de cargos por apoio político. Segundo relatos,
Maranhão pediu para que fosse encaminhado um levantamento apontando onde e com
que estão cerca de 60 cargos comissionados, que fazem parte da estrutura da
presidência da Câmara. De acordo com integrantes da cúpula da Câmara, o
vazamento da lista para outros parlamentares teria sido o motivo da exoneração
da chefe de gabinete de Eduardo Cunha na presidência, Helena Freitas.
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