Operação Turbulência descobre
esquema de propinas a políticos a partir de investigação sobre aeronave que
caiu em agosto de 2014, em Santos, e matou o então candidato à Presidência

POR JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO
E RICARDO BRANDT
O Estado de São Paulo
A Polícia Federal deflagrou
nesta terça-feira, 20, a Operação Turbulência contra um grupo especializado em
lavagem de dinheiro, em Pernambuco e Goiás, que teria movimentado mais de R$
600 milhões desde 2010. Foram presos os empresários Apolo Santana e João Carlos
Lyra.
A investigação começou, segundo
a PF, a partir da análise de movimentações financeiras suspeitas detectadas nas
contas de algumas empresas envolvidas na aquisição da aeronave Cessna Citation
PR-AFA. Esse avião transportava o ex-governador de Pernambuco e então candidato
à Presidência da República, Eduardo Campos pelo PSB, em seu acidente fatal. O
avião se acidentou em Santos, em agosto de 2014.
Apolo Santana e João Carlos Lyra
são empresários em Pernambuco e compraram o jato Cessna.
A PF constatou que essas
empresas eram de fachada, constituídas em nome de “laranjas”, e que realizavam
diversas transações entre si e com outras empresas fantasmas, inclusive com
algumas empresas investigadas na Operação Lava Jato.
Há suspeita de que parte dos
recursos que transitaram nas contas examinadas servia para pagamento de propina
a políticos e formação de “caixa dois” de empreiteiras. Segundo a PF, o esquema
sob apuração encontrava-se ativo, no mínimo, desde o ano de 2010.
Cerca de 200 policiais federais
dão cumprimento a 60 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão, 22 de
condução coercitiva e cinco de prisão preventiva. Também estão sendo cumpridos
mandados de indisponibilidade de contas e sequestro de embarcações, aeronaves e
helicópteros dos principais membros da organização criminosa. Há três mandados
de buscas e dois de conduções coercitivas em Goiás.
Os mandados judiciais estão
sendo cumpridos no Aeroporto de Guararapes – PE-, nas cidades pernambucanas do
Recife, de Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Vitória de Santo Antão, Moreno e
Lagoa de Itaenga e nas cidades goianas de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
Os presos e os conduzidos
coercitivamente serão levados para a sede da Polícia Federal no Recife. Os
envolvidos responderão, na medida de seu grau de participação no esquema
criminoso, nos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade
ideológica.
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