Com o intuito de fortalecer as políticas
públicas de enfrentamento ao trabalho escravo, o governador Flávio Dino esteve
reunido com o ministro do Supremo Tribunal do Trabalho (TST) e conselheiro do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Lélio Bentes, na manhã desta quinta-feira
(06), no Palácio dos Leões. Na ocasião, ficou acertada a conjunção de esforços
no sentido de articular o Governo do Estado, o Ministério Público do Trabalho
(MPT) e o Poder Judiciário em torno de iniciativas para o combate ao trabalho escravo
no Maranhão.
Durante a reunião, o governador Flávio
Dino explicou que a incidência a essa prática criminosa se dá pelo fato de o
estado possuir os piores indicadores socioeconômicos do país. “Obviamente não
há coincidência quanto a isso. Por isso é importante o desenvolvimento de
políticas públicas, que é o que nós temos buscado de modo obstinado, apesar das
imensas restrições financeiras que o Brasil atravessa, exatamente com temas
como geração de emprego e renda. São investimentos expressivos que estamos
buscando aqui no estado”, ressaltou.
Flávio Dino apresentou ao ministro do
TST que o Governo possui, hoje, um conjunto de políticas públicas no sentido
distributivo, que auxiliam exatamente no combate a práticas como o trabalho
escravo. De acordo com ele, o Estado precisa, além do trabalho social
preventivo, do auxílio do Poder Judiciário para atuar com a garantia da lei.
“Agradecemos a presença do TST para que
a gente possa avançar na mobilização de esforços entre aquilo que o nosso
Governo busca e as ações de caráter social, preventiva e educativa com aquilo
que compete precipuamente com o Poder Judiciário, MP e o aparato repressivo de
um modo geral que é a punição, investigação, e, obviamente, com essa autoridade
existente do sistema de justiça importante também que haja engajamento em ações
sociais”, reiterou o governador.
Lélio Bentes explicou que o trabalho
escravo é um fenômeno que rende lucros insidiosos a quem o explora e se nutre
fundamentalmente da impunidade. “Então a disposição de todos os parceiros é o
combate incessante, sem tréguas para que esses criminosos tenham a certeza que
não estarão imunes à persecução do Estado seja na esfera criminal, seja na
esfera civil, respondendo pelo seu patrimônio em qualquer local”, afirmou.
O ministro informou ainda que o Maranhão
é conhecido como um estado de origem de trabalhadores explorados nessas
condições – nos últimos 10 anos o MPT identificou que cerca de 23% dos
resgatados no trabalho escravo no Brasil tinham origem no Maranhão – o que
exige extremo cuidado tanto na prevenção, quanto na atenção às vítimas.
“Com um trabalho articulado entre o
Estado, o Poder Judiciário e o MP nós temos condições de enfrentar esse
problema, de forma bastante eficiente. É necessário planejamento para que nós
possamos acompanhar e organizar as atuações estratégicas. Existe essa
disposição colaborativa”, disse Bentes.
Iniciativas de combate ao trabalho
escravo
Desde janeiro de 2015, o Governo do
Estado vem priorizando as ações no âmbito de estruturar políticas para combater
e erradicar o trabalho escravo. Uma das primeiras medidas foi rearticular a
Comissão de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo. O secretário de Estado dos
Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Francisco Gonçalves, explicou
que existem várias outras iniciativas, inclusive em conjunto com o Governo
Federal, para a área.
A equipe da Sedihpop apresentou ainda
como ação do Governo a aprovação da Lei 10.355/2015, que trata da cassação
obrigatória da inscrição das empresas que forem flagradas em situação de
trabalho escravo. O projeto Caravana da Liberdade foi realizado no município de
Codó, que é um dos principais nichos de trabalho escravo do estado, com painéis
que alcançaram 400 pessoas, oficinas que alcançaram 630, uma passeata com 1200
pessoas, estação da saúde com 682 atendimentos, e o Viva que que realizou 5605
atendimentos.
O projeto ‘Escravo nem Pensar’,
concluído em julho, percorreu 71 municípios, 234 escolas, 2200 educadores e
37.533 alunos entre outras pessoas. “O Maranhão sofre com uma situação muito
antiga de baixos IDHs. É uma excelente notícia de que o estado está priorizando
os municípios com menor IDH porque essas condições de educação, saúde, acesso a
formação profissional são fundamentais para que esses trabalhadores se
fortaleçam e saiam da zona de vulnerabilidade para exploração do trabalho
escravo”, pontuou o ministro do TST.
Participaram da reunião os secretários
de Estado Marcelo Tavares (Casa Civil), Antônio Nunes (Governo), Julião Amim
(Trabalho e Economia Solidária), o procurador-geral do Estado, Rodrigo Maia, a
desembargadora Solange Cristina Passos de Castro Cordeiro (vice-presidente e
corregedora do TRT), além de procuradores e juízes do trabalho.
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