Marcelo de Moraes
Diante do resultado das eleições
municipais, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), admite que a
esquerda perdeu no País e precisa encontrar um novo caminho. Defensor da
formação de uma frente que alinhe essas forças em 2018, Dino acha que a esquerda
“precisa parar de olhar para trás e começar a olhar para a frente”. “Discursos
do tipo ‘eu avisei’ não resolvem nada”, diz. Para ele, o grupo necessita criar
um programa que responda aos “desafios da Nação” e o candidato “não precisa ser
obrigatoriamente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Eleições
Há uma constatação óbvia de que foi um
resultado desfavorável para a esquerda. Acho que isso ocorreu, principalmente,
pela crise econômica e pelo desemprego. O grande beneficiário dessa perda de
substância eleitoral da esquerda não foi propriamente outro partido e sim a
chamada antipolítica. Porque, se você olhar São Paulo, Rio e Belo Horizonte,
ganharam três outsiders.
Futuro da esquerda
Primeiro, precisamos olhar mais para
frente do que para trás. Acho que o que passou, passou. Não adianta ficar
disputando agora críticas e autocríticas. Discursos do tipo ‘eu avisei’ não
resolvem nada.
Novos caminhos
A esquerda precisa apresentar um
programa que responda aos desafios da Nação, baseado na defesa de direitos e da
ampliação de serviços públicos.
Frente partidária
Tenho defendido há mais de um ano a tese
de um rearranjo mais frentista, parecido com o do Uruguai. A esquerda deve
buscar algum tipo de frente mais orgânica, que consiga atrair o chamado centro
político. Quando me refiro ao centro político não me refiro a partido A ou B.
Mas sim ao centro da sociedade.
Perda de identidade
No enfrentamento da crise econômica,
nessa fase mais aguda, pós 2013, de fato, houve isso. Esse prejuízo foi muito
grande. Uma perda de identidade e uma desconexão com sua base política
tradicional. Acho que essa é uma questão central.
Esqueçam 2002
Não podemos ficar restritos às bandeiras
clássicas da esquerda. Não podemos imaginar que vamos reviver 2002, quando Lula
foi eleito pela primeira vez. 2002 tem de ficar em 2002. Claro que você extrai
lições daquele momento, mas não pode pretender repetir.
Reforma política
Acho que ficou mais longe agora. Porque
se falava muito de cláusula de barreira, por exemplo. Na hora em que o partido
do prefeito do Rio de Janeiro (PRB) seria atingido por essa cláusula, e os de
Belo Horizonte (PHS) e Curitiba (PMN) também, fica mais difícil.
Clima político
Acho que a gente tem pela frente muita
turbulência. A Lava Jato tem uma força muito profunda. Esse fator de instabilidade
institucional ainda vai continuar. Além disso, tem um clima de muita disputa
entre os Poderes e dentro deles.
Crise dos governadores
É outro foco de tensão. A gente está
longe de sair dessa escuridão. O Rio, que é o terceiro maior Estado em população,
vive situação de enorme dificuldade financeira. Praticamente metade dos Estados
têm dificuldades de fechar as contas.
Economia
A única coisa que pode garantir alguma
melhora é se a economia voltar a crescer. Existe um ditado que diz que “aonde
falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. Acho que isso sintetiza a
quadra atual que vivemos no Brasil.
Eleição em 2018
Lula pode até ser candidato. Mas, se
for, deve ser de um movimento político mais amplo. Alguém de outro partido
poderá ser o candidato dessa nova frente. Ciro Gomes está muito credenciado
pela trajetória.
Temer
Ele está se virando do jeito que pode. É
uma conjuntura muito difícil. Está tentando construir uma agenda praticamente
baseada numa ideia central que é essa PEC do Teto dos Gastos.
Convite para Dilma
É lenda. Nunca houve convite para que
fosse secretária no Maranhão.
ENTREVISTA A MARCELO DE MORAES
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