Governador do
Maranhão diz preferir reeleição. Partido pretende anunciar um candidato em
março.
"Sou
candidato à reeleição se Deus me der vida e saúde. Porque nós temos uma tarefa
inconclusa no Estado", disse o governador em entrevista ao EL PAÍS.
A presidenta nacional do partido, a deputada
federal Luciana Santos (PE), diz que o governador ainda ficou de se posicionar
sobre o assunto perante o partido
Por Rodolfo
Borges
El País/Brasil
O Estado do
Maranhão ganhou 2.000 quilômetros de rodovias desde que o governador Flávio
Dino (PCdoB) foi empossado, em 1º de janeiro de 2015. Dois desses quilômetros
levam ao pequeno município de Paço do Lumiar, na região metropolitana da
capital São Luís, onde Domingos Dutra, petista histórico que migrou no ano
passado para o PCdoB, foi eleito prefeito neste ano. Embalado pelos bons
resultados da gestão Dino, o PCdoB elevou de 14 para 46 o número de prefeituras
no Maranhão, onde a coligação do Governo venceu 150 das 217 disputas na eleição
municipal.
Os resultados são tão bons que animam os admiradores de Dino a
pensar em destinos mais distantes. Os 2.000 quilômetros novos de rodovias,
comenta-se em São Luís, equivalem à distância entre a capital maranhense e
Brasília. Teria o comunista pavimentado em apenas dois anos de Governo seu
caminho para uma candidatura ao Palácio do Planalto?
O próprio
Flávio Dino espanta a possibilidade de se candidatar à presidência em 2018.
"Sou candidato à reeleição se Deus me der vida e saúde. Porque nós temos
uma tarefa inconclusa no Estado", disse o governador em entrevista ao EL
PAÍS. Mas a presidenta nacional do partido, a deputada federal Luciana Santos
(PE), diz que o governador ainda ficou de se posicionar sobre o assunto perante
o partido.
"Neste ambiente de falta de perspectiva, o PCdoB tomou uma
definição: lança em março seu candidato à presidência. Ele [Dino] ficou de
refletir", diz a deputada, que comanda um partido obrigado a se
reposicionar com a saída do PT do poder, de quem foi o mais leal parceiro em
quase 14 anos, e com a perspectiva de uma pulverizada disputa presidencial.
Santos pondera
sobre o planos: entende que Dino tem suas responsabilidades no Maranhão e diz
que ele vem se dedicando para que a gestão dê certo, mas destaca a rápida
projeção alcançada pelo governador em um curto período — os 46 prefeitos
eleitos pelo PCdoB neste ano representam mais da metade das 80 vitórias do partido nas eleições
municipais. A outra grande vitória da legenda foi em Aracaju, com a eleição do
ex-prefeito Edvaldo Nogueira, o único de oposição a Michel Temer a emplacar
numa capital do Nordeste ao lado de Roberto Cláudio (PDT), um aliado do também
presidenciável Ciro Gomes.
Caso Dino não aceite ser candidato, quais seriam as
alternativas? Segundo Luciana Santos, entre os nomes estão a senadora Vanessa
Grazziotin (AM), o ex-ministro Aldo Rebelo e a deputada Jandira Feghali,
derrotada neste ano na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Nenhum parece
se comparar ao do governador maranhense.
Em um momento
de crise na esquerda brasileira, com seu principal partido, o PT, atravessando
o pior momento de sua história, o nome de Flávio Dino, um ex-juiz federal que
vai passando ileso pela apocalíptica Operação Lava Jato e ostenta 61% de
aprovação popular, parece se apresentar naturalmente ao posto de liderança
nacional. O governador destaca que, desde o impeachment de Dilma Rousseff — contra
o qual atuou —, vem tentando se manter longe do debate político nacional. Mas
todas as suas manifestações sobre o assunto, em entrevistas ou por meio de
redes sociais, parecem carregar o tom da liderança esquerdista que ele, segundo
suas próprias palavras, tenta evitar.
Não faltam
números para explicar o sucesso do governador comunista — e seu Governo faz
questão de expô-los constantemente, em reação a uma oposição que governou o
Maranhão por mais de 50 anos e que tem apontado os limites da atual gestão por
meio de grandes veículos de imprensa e de numerosos blogs que alimentam a luta
política nas redes sociais.
Neste fim de ano, Flávio Dino celebrou uma redução
de 47,5% da mortalidade infantil em 30 cidades atendidas pelo programa Força
Estadual de Saúde (Fesma). Além disso, a capital São Luís se aproxima de
atingir o tratamento de 40% de seu esgoto — até o meio do ano, tratava apenas
4%, e a meta é atingir 70% até o meio de 2018.
As políticas
bem sucedidas — entre elas estão a proeza de não ter atrasado salários em um
ano em que quase todo mundo atrasou e a melhoria das condições em um sistema
prisional que ficou marcado pelas barbaridades do Complexo de Pedrinhas —
atraíram para a órbita de Dino uma série de políticos, que renderam ao PCdoB um
número de candidaturas (103) recorde neste ano.
“O PCdoB é um partido forte,
que reúne todas as condições para fazermos um grande trabalho em prol da cidade
de Barão de Grajaú”, discursou em outubro de 2015 o prefeito Gleydson Resende,
ao trocar o PR pelo partido comunista. Um ano depois, Resende seria reeleito
como um dos 46 comunistas vitoriosos no Estado.
O resultado
eleitoral deste ano animou o governador maranhense a antever um 2017 ainda
melhor para o Estado, apesar da esperada intensificação no aperto financeiro,
como consequência da crise econômica nacional.
"Nós teremos em 2017 um
cenário de trabalho com as prefeituras num clima melhor. Não que a gente não
trabalhe com prefeituras que não são da nossa posição política, mas há uma
identidade programática melhor, o que facilita o diálogo", diz Flávio
Dino, que completa: "Isso autoriza que a gente imagine o nosso
fortalecimento político em 2018, com a reeleição no Governo e a eleição de
deputados que consolidem a transição maranhense". Ou brasileira.
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