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Maranhão, sob a gestão de sua filha, 60 detentos foram mortos em 2013.
À época, o CNJ apontou que a então governadora não cumpriu as recomendações do órgão feitas desde 2008. Na ocasião, relatos que chegaram ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontaram que o sistema carcerário do Maranhão era o pior do país.
POR JÚNIA GAMA
O Globo
BRASÍLIA — Pai
da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), onde ocorreram massacres
em presídios nos últimos anos, o ex-presidente José Sarney considerou uma
“vergonha” para o país as matanças nas penitenciárias do Amazonas e de Roraima.
Para Sarney, não se pode ficar “indiferente” às mortes.
– Acho uma
vergonha para o país que essas barbaridades aconteçam. Não podemos ficar
indiferentes à perda da vida humana. O Brasil está aceitando esses fatos como
exercício do cotidiano. Só temos uma expressão: "valha-nos Deus" –
disse.
O
ex-presidente e ex-senador também criticou o ex-secretário nacional de
Juventude do governo Michel Temer, Bruno Júlio (PMDB), que deixou o cargo ontem
após declarar, ao GLOBO, que “tinha era que matar mais” presos.
– Foi uma
coisa incompreensível. A juventude não pode pensar assim e acredito que ele não
representa o pensamento dos jovens – afirmou.
Questionado se
o governo federal está tomando as atitudes necessárias para lidar com a grave
crise do sistema penitenciário, Sarney foi evasivo:
– Acho que o
governo está diante de um fato que merece um tratamento diferente de todos os
outros, porque ele lida com a crueldade e barbárie. Tenho impressão que o
governo está com esse sentimento.
Sob a gestão
de Roseana Sarney como governadora do estado, o sistema prisional maranhense
viveu uma séria crise desde o fim de 2013, ano em que 60 detentos foram mortos
em prisões do Maranhão, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao menos
quatro deles foram decapitados. Em 2014, ao menos 21 detentos foram
assassinados no sistema – treze só no Complexo de Pedrinhas. No mesmo ano,
ocorreram cerca de 15 fugas de presos no estado, sendo que mais de 80 detentos
escaparam e apenas 14 foram recapturados.
Naquela
ocasião, Sarney isentou a filha de qualquer culpa sobre a crise. À época, o CNJ
apontou que a então governadora não cumpriu as recomendações do órgão feitas
desde 2008. Na ocasião, relatos que chegaram ao Departamento Penitenciário
Nacional (Depen) apontaram que o sistema carcerário do Maranhão era o pior do
país.
A
peemedebista, que estava em seu quarto mandato como governadora do estado, se
eximiu de culpa sobre as ocorrências. A família Sarney controlou politicamente
o Maranhão por cerca de 50 anos, se revezando no poder estadual com seus
aliados, até que o adversário Flávio Dino (PCdoB) foi eleito para o cargo e
assumiu em 2015.
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