BRUNO BOGHOSSIAN
MARINA DIAS
FOLHA DE S. PAULO/DE BRASÍLIA
As articulações para a substituição do
presidente Michel Temer evoluíram nas três principais forças políticas do país
–PMDB, PSDB e PT– e agora envolvem diretamente três ex-presidentes da
República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney.
Desde a última quinta (18), quando foram
divulgados os detalhes da delação da JBS que envolvem Temer, eles têm liderado
conversas suprapartidárias em busca de um consenso para a formação de um novo
governo, caso o peemedebista seja cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Os três caciques, pontos de contato nos
diálogos que acontecem reservadamente em Brasília e São Paulo, cuidam para que
os debates não ganhem caráter partidário.
As conversas estão pulverizadas, uma vez
que, por ora, cada sigla traça caminhos diferentes para o desfecho da crise.
Do lado do PSDB, fiel da balança do
governo, FHC se tornou referência e, segundo relatos de tucanos, já abriu
contato com parlamentares do PT. Além disso, é o mais importante interlocutor
do presidente do TSE, Gilmar Mendes, considerado "peça-chave" para
viabilizar a saída institucional de Temer.
"O Brasil exige o que temos de
melhor e não o que temos de pior", disse à Folha o senador Jorge Viana
(PT-AC), um dos emissários petistas nas conversas com integrantes do PSDB e do
PMDB.
Nesta semana, Viana esteve em dois
jantares na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para discutir soluções com
aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder peemedebista no Senado e
opositor de Temer.
Na terça-feira (23), o senador petista se
encontrou com Lula. O ex-presidente disse que o partido precisa insistir na
defesa das eleições diretas. Até aqui, Lula não acredita que um perfil "de
centro" será incluído pela base de Temer no processo de eleições indiretas
e diz que a ventilação do nome do ex-ministro Nelson Jobim, que tem sua
simpatia, tem o objetivo de "adoçar a boca do PT".
Apesar da determinação dada à cúpula
petista, Lula se mantém disposto a conversar com as lideranças políticas que
trabalham exclusivamente com a alternativa de eleições indiretas para escolher
o sucessor ao Planalto.
Na avaliação de aliados de Temer, a
escalada da crise, com os primeiros protestos violentos contra o governo, nesta
quarta-feira (24), precipita uma concertação que envolve o trio de
ex-presidentes.
Eles acreditam que a articulação
suprapartidária pode reduzir a tensão do ambiente político e permitir uma
transição suave a partir do julgamento do TSE, que começa no dia 6 de junho e
pode tirar Temer do poder.
Nesse cenário, Lula tem sido estimulado
a procurar FHC em busca de entendimento. Aliados de Temer consideram essa
conversa fundamental porque o petista tem pontes com movimentos sindicais e
sociais à frente dos protestos, e o tucano é o principal conselheiro do pilar
de sustentação de Temer.
O ex-presidente José Sarney, por sua
vez, esteve com Temer na segunda (22) e, no dia seguinte, recebeu parlamentares
do PMDB e dirigentes tucanos.
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