A operação prossegue
para cumprimento dos demais mandados de prisão, para precisar há quanto tempo o
esquema era executado e identificar a origem do dinheiro movimentado pela
quadrilha
Os 18 presos na 'Operação Jenga', deflagrada na manhã desta quinta-feira (4), foram apresentados no auditório da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), na Vila Palmeira. Eles fazem parte de uma quadrilha comandada pelo agiota e empresário Josival Cavalcante da Silva, o 'Pacovan'. Foram cumpridos 43 mandados de busca, apreensão e prisão, fruto das
investigações que apuram crime de lavagem de dinheiro a
partir de diversas empresas, incluindo postos de combustíveis na capital. Pacovan é apontado como líder do esquema criminoso.
O empresário já esteve preso, em 2015, por crime de agiotagem envolvendo
prefeituras maranhenses. Em 2016, o suspeito cumpria sentença monitorado por
tornozeleira.
“Esta quadrilha liderada pelo Pacovan está sendo investigada há vários
meses, e, agora, a polícia conseguiu desarticular um esquema que movimentou
milhões cometendo fraudes diversas. A operação continua para que os demais
envolvidos sejam presos e este esquema não volte a ocorrer”, enfatizou o
secretário Segurança, Jefferson Portela.
O esquema fraudulento movimentou mais de R$ 200 milhões com participação
de contadores, comercializadores de hortifrutigranjeiros, de construtoras e
revendedores de combustíveis.
A operação, coordenada pela Secretaria de Estado
de Segurança Pública (SSP), por meio do Departamento de Combate ao Crime Organizado
(DCCO), órgão da Superintendência Estadual de Investigação Criminal (Seic),
prossegue para cumprimento dos demais mandados de prisão, para precisar há
quanto tempo o esquema era executado e identificar a origem do dinheiro
movimentado pela quadrilha.
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61 caminhões foram apreendidos em uma grande garagem de propriedade do agiota Pacovan. Os veículos estão em nome de terceiros, possivelmente pessoas que têm débito com o agiota |
“A apuração aponta que Pacovan montou uma rede criminosa utilizando
empresas para lavar dinheiro, e, possivelmente, para desvio de verbas
públicas”, explica o delegado-geral de Polícia Civil, Lawrence Melo. A próxima
etapa dos trabalhos tem foco nos que operavam diretamente na lavagem do
dinheiro - o Pacovan, familiares do suspeito e pessoas de fachada usadas como
‘laranjas’. Foi identificado que a movimentação financeira das empresas era
incompatível com a estrutura física que possuíam, além de outros indícios,
culminando com a investigação, que já dura um ano.
Na lista de empresas estão sete postos de combustíveis, destes, cinco na
Região Metropolitana de São Luís, um no município de Zé Doca e outro em
Itapecuru Mirim envolvidos no crime - que foram interditados. Segundo a lista
da polícia, os postos localizados na região metropolitana da São Luís são
Laranjal (Estrada de Ribamar); Santa Terezinha (Araçagi); Petrobrás (Angelim);
Joyce 2 (Alemanha) e 3 (Rodoviária). “Com essa operação, a Segurança
desarticulou um esquema que poderia ser ampliado a outras áreas e causar grande
leso financeiro. Vamos prosseguir para apontar os demais envolvidos”, disse o
titular da Seic, Tiago Bardal.
"Pelo modo de operação, a quadrilha realizava operações comerciais
fictícias dissimulando movimentos financeiros e usando nomes de fachada",
explicou o titular da DCCO, delegado Ney Anderson Gaspar. Entre os crimes
atribuídos ao grupo estão lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, fraude em
licitação, porte e posse ilegal de arma de fogo, crimes contra a ordem econômica
(usura, adulteração de combustíveis, concorrência desleal) e tributária.
Ainda como resultado da operação foi apreendido 61 caminhões; sequestro
de 11 imóveis, entre casas, fazendas e postos de combustíveis comprados com
dinheiro ilícito; e uma série de contas bancárias bloqueadas. Os suspeitos
ficaram detidos na Seic até serem apresentados durante a coletiva na SSP, e,
após, encaminhados ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas por força de prisão
temporária.
Integraram a operação também a Superintendência de Polícia Civil da
Capital (SPCC), Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI),
Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC), Superintendência Estadual
de Repressão ao Narcotráfico (Senarc) e Superintendência Estadual de Homicídios
e Proteção à Pessoa (SHPP).
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Entrevista coletiva da cúpula da Secretaria de Segurança durante a apresentação dos 18 integrantes da quadrilha do agiota Pacovan |
Prisões
Além de Pacovan a Polícia Civil conseguiu prender por meio de cumprimento
de mandado de prisão Samia Lima Awad, Thamerson Damasceno Fontenele, Simone
Silva Lima, Edna Maria Pereira (esposa de Pacovan), Rafaely de Jesus Souza
Carvalho, Creudilene Souza Carvalho, Adriano Almeida Sotero, Geraldo Valdonio
Lima da Silva, Lourenço Bastos da Silva Neto, José Etelmar Carvalho Campelo,
estes dois últimos apontados como contadores da organização. Foram presos,
também, Renato Lisboa Campos, João Batista Pereira, Kellya Fernanda de Sousa
Dualib, Manassés Martins de Sousa, Jean Paulo Carvalho Oliveira e Francisco
Xavier Serra Silva.
Peça-chave
O nome da operação alude ao jogo intitulado jenga, que consiste no
encaixe de peças e a retirada de uma desmorona todo o conjunto. Para a polícia,
o ‘Pacovan’ é a peça-chave do jogo que, retirado, desarticulou toda a quadrilha
e o esquema criminoso.
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