BRUNO BOGHOSSIAN, GUSTAVO URIBE, DANIEL
CARVALHO
Folha de São Paulo/Brasília
O presidente Michel Temer planeja
acelerar a liberação de verbas para pagar emendas de deputados que se
comprometerem a votar a favor da reforma da Previdência.
Em reunião nesta segunda-feira (8), o
presidente determinou que seus ministros privilegiem cerca de 330 parlamentares
na distribuição dos recursos, usados para bancar obras e projetos nas bases
eleitorais dos congressistas.
O governo estima que os projetos
indicados por esses parlamentares ainda têm R$ 1,9 bilhão a receber até o fim
do ano —média de quase R$ 6 milhões para cada um.
Parlamentares de oposição e aqueles que
traíram o governo em votações recentes ficarão fora da distribuição, e suas
emendas devem ficar represadas até o fim do ano.
A estratégia do Palácio do Planalto é
dar conforto aos integrantes mais fiéis da base aliada, que poderão levar o
dinheiro para os projetos em seus municípios e, assim, compensar a carga
negativa que terão em suas bases eleitorais ao votar pela reforma.
Temer tem enfrentado dificuldades para
conquistar os 308 votos necessários para aprovar a proposta, que modifica
vários artigos da Constituição e por isso precisa de 60% dos votos para ser
aprovada. Temer distribuiu cargos e demitiu funcionários indicados por
integrantes da base que votaram contra propostas de interesse do governo.
Ao acelerar nomeações atrasadas e a
liberação de verbas represadas, o governo quer limpar as gavetas e se vacinar
contra possíveis reclamações de parlamentares.
Temer pediu que os ministros Ricardo
Barros (Saúde), Helder Barbalho (Integração) e Bruno Araújo (Cidades) façam um
levantamento das emendas a serem pagas. Os três ministérios estão entre as
pastas que mais recebem demandas de parlamentares.
Desde 2015, o governo é obrigado a pagar
emendas apresentadas por parlamentares até o fim de cada ano. Mas o ritmo de
liberação varia, e há casos em que a verba fica retida até a última hora.
Para este ano, cada deputado teve a
possibilidade de apresentar cerca de R$ 15 milhões em emendas. O valor total
com pagamento obrigatório é de R$ 8,7 bilhões. Um quarto desse dinheiro foi
bloqueado quando o governo congelou parte dos recursos.
Nesta terça (9), a comissão que discute
a reforma deve concluir a votação do texto, que deve ir ao plenário no final de
maio ou em junho.
A partir de quinta (11), o governo
divulgará novas peças publicitárias em rádios de todo o país, como parte de uma
ofensiva para tentar reduzir a rejeição às mudanças.
O presidente também vai intensificar a
agenda de entrevistas a programas de televisão e rádios regionais.
Serão distribuídos ainda por celular
vídeos voltados para os deputados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário