Dos 46 deputados do partido, 27 são a
favor de a legenda abandonar a base aliada de Temer antes da decisão do TSE na
próxima terça-feira
Renan Truffi, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Parlamentares do PSDB na
Câmara dos Deputados pressionam a cúpula da legenda para decidir na
terça-feira, primeiro dia do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a saída do partido da base aliada. A proposta
vem dos “cabeças pretas”, ala mais jovem da bancada, mas também tem o apoio de
deputados mais experientes, que avaliam não haver mais condição de a legenda
continuar apoiando o governo, independentemente do resultado final do
julgamento do TSE. A ideia é que o PSDB não espere a decisão da Corte para se
posicionar.
De acordo com cálculos de tucanos, dos
46 deputados do partido, 27 são a favor de a legenda abandonar a base aliada de
Temer e 12 estariam indecisos. Outros sete são contrários.
Os deputados que rejeitam a permanência
no governo articulam uma votação na bancada para tratar do tema logo após a
leitura do parecer do ministro Herman Benjamin, relator da ação na corte
eleitoral. O grupo quer também buscar o apoio de senadores – cinco dos 11
teriam sinalizado ser a favor da saída. Além da votação, eles pressionam para
que os ministros tucanos entreguem seus cargos.
A avaliação nessa ala é de que Temer
está em uma situação de “equilíbrio instável” e que o voto do relator seria
suficiente para deixar a base, em uma tentativa de evitar mais desgaste nas
eleições de 2018.
“No momento em que o partido decidir
deliberar, sou a favor de entregar os cargos, mas manter a agenda de reformas”,
defendeu o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), um dos “cabeças pretas” que apoiam
a deliberação na terça-feira. “Não podemos estar junto de um grupo que não
busca o esclarecimentos dos fatos”, disse ele.
Divisão. O líder do PSDB na Câmara,
deputado Ricardo Tripoli (SP), evitou falar em números, mas confirmou que a
bancada tucana está dividida em três grupos. O primeiro é formado por aqueles
que defendem desembarque imediato do governo Temer. O segundo quer que os
quatro ministros do PSDB entreguem os cargos e que a legenda continue apoiando
as principais medidas econômicas propostas pelo governo. O terceiro é composto
por tucanos que desejam ficar no governo.
Tripoli afirmou que a bancada vai
“monitorar” o cenário político. “Vamos fazer reuniões de bancadas nestes dias.
Se vamos tomar alguma decisão pelo desembarque, não posso dizer agora. Mas não
faremos nada sem informar antes o presidente Tasso Jereissati, que tem sido
muito correto conosco”, afirmou o líder do PSDB.
São Paulo. Área de influência do
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o diretório estadual do PSDB paulista
também discute o desembarque do governo Temer. O órgão marcou para a próxima
segunda-feira, véspera do início do julgamento sobre a cassação da chapa
Dilma-Temer, uma reunião ampliada que deve terminar com um pedido para que o
partido deixe cargos e entregue ministérios.
Essa pelo menos é a expectativa do
deputado estadual Pedro Tobias, presidente da legenda. “Não podemos empurrar
essa situação indefinidamente. O baixo clero precisa ser consultado”, disse ele
ao Estado.
O encontro começou a ser articulado após
os caciques do PSDB nacional sinalizarem que podem procrastinar uma decisão
sobre a permanência no governo federal ou mesmo permanecer ao lado de Temer até
que ele esgote as possibilidades de recursos no TSE e também no Supremo
Tribunal Federal.
Pressão
Além da Executiva do partido em
São Paulo, Tobias também convocou todos os deputados federais, estaduais,
senadores e prefeitos do PSDB do Estado para debater a situação do governo
Temer. A ideia é criar uma “panela de pressão”.
Na semana passada, os tucanos paulistas
se reuniram no diretório e a tendência era pedir a renúncia de Temer, mas
Alckmin, em sintonia com a cúpula tucana, barrou a iniciativa. Outro ponto da
pauta será a situação do senador afastado Aécio Neves (MG) no partido.
O Estado apurou que Tobias e outros
dirigentes defendem a expulsão dele do PSDB. Hoje, Aécio é presidente
licenciado do partido, comandado por Tasse Jereissati. / COLABOROU IGOR GADELHA
e PEDRO VENCESLAU
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