Jornal Folha de S. Paulo criticou nesta
quarta-feira, 14, o acordo que está sendo costurado no Congresso para salvar o
mandato de Michel Temer, prestes a ser denunciado por corrupção, organização
criminosa e obstrução da Justiça, bem como evitar a cassação do senador
afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
O jornal Folha de S. Paulo
criticou nesta quarta-feira, 14, o acordo que está sendo costurado no Congresso
para salvar o mandato de Michel Temer, prestes a ser denunciado por corrupção,
organização criminosa e obstrução da Justiça, bem como evitar a cassação do
senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que já denunciado por corrupção e
obstrução da Justiça.
"Aécio atua na cúpula tucana para
que seu partido não abandone o governo Temer. Em troca, aliados do presidente
no Senado lhe proporcionam tempo e votos a fim de evitar uma eventual
cassação", diz o jornal de Otávio Frias Filho.
Para a Folha, entre o pragmatismo e o
medo do incerto, o PSDB se equilibra sobre a amurada da nau combalida do
governo, enquanto avalia se a vitória na Justiça Eleitoral deu a Temer força
suficiente para se manter à tona até 2018.
Leia o texto na íntegra:
Pragmatismo e medo
Até os azulejos de Athos Bulcão no Salão
Verde do Congresso sabem que o PSDB, confrontado com um dilema, quase sempre se
decide por perpetuá-lo. Não foi outra a conclusão do encontro de sua direção na
segunda-feira (12).
Em aparência, os tucanos tomaram, sim,
uma decisão: continuar no governo Michel Temer (PMDB). Na prática, ao deixar
aberta uma rota de fuga caso caiam novos obuses sobre o Planalto, seguem na
situação ambígua, de apoio ressabiado a um presidente sob ameaça de denúncia
iminente pela Procuradoria-Geral da República.
O partido se entrega à procrastinação —a
qual lhe mantém a benesse de quatro pastas na Esplanada— porque vários de seus
líderes enxergam a própria sobrevivência em risco, seja na esfera eleitoral,
seja nas barras dos tribunais.
O senador Aécio Neves (MG) personifica
como ninguém o segundo constrangimento. Depois de chegar muito perto de Dilma
Rousseff (PT) na eleição presidencial de 2014, sofreu progressivo desgaste com
as investigações da Lava Jato, até o impacto devastador da gravação da conversa
em que pedia dinheiro a Joesley Batista, da JBS.
Aécio teve sua prisão solicitada pela
PGR e negada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Este, no entanto, determinou seu afastamento.
O tucano não tem comparecido ao
Congresso, mas até esta terça-feira (13) não havia sido formalmente afastado
pelo Senado. A Casa, em mal disfarçado desafio ao STF, dizia aguardar
orientação.
Parece mais um conflito institucional, à
moda do que seria a nova estratégia de Temer para arrostar a ofensiva judicial
sobre a classe política. Mas é também uma operação casada entre PMDB e PSDB.
Aécio atua na cúpula tucana para que seu
partido não abandone o governo Temer. Em troca, aliados do presidente no Senado
lhe proporcionam tempo e votos a fim de evitar uma eventual cassação.
Verdade que o senador não teria
condições, sozinho, de manter o PSDB na coalizão. Contou para isso com uma
confluência de interesses com seus rivais de sempre —o senador José Serra (SP)
e o governador paulista, Geraldo Alckmin, também acossados pela Lava Jato— e
com o neófito João Doria, prefeito de São Paulo.
Os dois últimos, em particular, não
querem abrir mão do apoio do PMDB caso obtenham a posição de candidato tucano
no próximo pleito presidencial.
Entre o pragmatismo e o medo do incerto,
o partido se equilibra sobre a amurada da nau combalida do governo, enquanto
avalia se a vitória na Justiça Eleitoral deu a Temer força suficiente para se
manter à tona até 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário