Resultado baseia-se na análise de ações
controladas, como a do flagrante do ex-assessor do presidente puxando mala com
R$ 500 mil
Andreza Matais, Fabio Serapião e Breno
Pires, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - No inquérito devolvido nesta
segunda-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal
concluiu que há indícios de materialidade da prática de crime de corrupção
passiva pelo presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.
Embora tenha concluído essa parte da apuração, os delegados federais pediram
mais cinco dias de prazo para encerrar a investigação sobre os crimes de
organização criminosa e obstrução de Justiça.
O pedido de dilação do prazo pela PF tem
como objetivo aguardar o término do laudo final da perícia no áudio da conversa
gravada pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com Temer. O Estado
apurou que a demora na produção do laudo se dá pela má qualidade da gravação.
No caso do crime de corrupção passiva, o
Estado apurou que a conclusão baseou-se na análise das ações controladas - uma
delas que flagrou Loures correndo com uma mala de R$ 500 mil - e em dois laudos
produzidos a partir da análise das conversas gravadas entre Loures e o diretor
de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud.
Saud filmou e gravou, no dia 28 de abril
deste ano, encontros nos quais acertou e repassou a Loures a mala dos R$ 500
mil, em um restaurante, em São Paulo. Hesitante em pegar o dinheiro naquela
ocasião, o peemedebista chegou a sugerir um tal "Edgar" para buscar
os valores, já que "todos os outros caminhos estavam congestionados".
Na conversa, Saud ainda questiona se o
interposto sugerido por Loures para supostamente receber valores é "o
Edgar que trabalha para o presidente". “Bom, se é da confiança do chefe,
não tem problema nenhum.”
Apesar de tentar indicar outra pessoa
para receber os valores, o então deputado federal acabou combinando, no mesmo
dia, de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele, em São Paulo
na rua Pamplona. Saud também filmou o diálogo, em um estacionamento.
O valor seria entregue semanalmente pela
JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado nas gravações,
pelo diretor de Relações Institucionais da holding. “Eu já tenho 500 mil. E
dessa semana tem mais 500. Então você te um milhão aí. Isso é toda semana. Vê
com ele (Michel Temer)”, afirmou Saud a Loures.
Loures é acusado de exercer influência
sobre o preço do gás fornecido pela Petrobrás à termelétrica EPE – o valor da
propina, supostamente "em benefício de Temer", como relataram
executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a
manobra.
Em notas anteriores, o Palácio do
Planalto negou irregularidades envolvendo o presidente.
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