Líder do PP na Câmara, o deputado Arthur
Lira (AL) disse que uma nova acusação será 'mortal' diante da desorganização da
base aliada ao presidente
Um dia após usar a votação da reforma da
Previdência e da agenda econômica do governo na Câmara como forma de pressão,
partidos do Centrão ameaçaram não barrar uma eventual segunda denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB).
O grupo quer que o governo redistribua
os cargos na administração federal que estão nas mãos dos chamados “infiéis”
para os deputados que ajudaram a barrar a acusação por corrupção passiva contra
o peemedebista na Câmara, na semana passada.
As exonerações têm seguido ritmo lento.
As principais reclamações são com relação aos indicados por deputados do PSDB,
que controla quatro ministério no governo. Foram 21 votos de tucanos favoráveis
à admissibilidade da denúncia – outros 22 defenderam o arquivamento.
Para lideranças do PP e PSD, os dois
maiores partidos do Centrão, será muito difícil segurar as bancadas caso, no
atual cenário de desorganização da base, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, decida apresentar uma segunda denúncia contra Temer, desta vez
por organização criminosa e obstrução à Justiça.
O mandato do PGR termina no dia 17 de
setembro e, nos bastidores, procuradores e parlamentares dão como certo que,
antes de sair, ele formulará uma nova acusação com base na delação de
executivos da JBS.
“Pode
ser mortal. Se chegar [uma segunda denúncia] num cenário desses, é o fim da
linha para o presidente”, disse o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL). Para
o deputado, o governo não pode continuar dando as mesmas regalias a deputados
fiéis e infiéis. “O governo não se comunica, não se articula, não conversa, não
prestigia. Não dá para estar na mesma base quem vota contra e quem vota a
favor, com as mesmas regalias, sejam ela grandes ou pequenas.”
O líder do PSD na Câmara, Marcos Montes
(MG), avalia que outra denúncia pode ser “perigosa” para Temer. “Votamos pela
permanência dele para não ter uma turbulência política que contaminasse a
retomada do desenvolvimento econômico. Agora, ele tem que dar um freio de
arrumação. Se não der, essa desorganização política volta e o mercado vai
embora. Não adianta ele ficar e continuar com a desordem política.”
Para Montes, cabe ao governo evitar o
“tumulto” político. “É isso que precisa ficar claro. É cargo que faz ter essa
calmaria política? Se for, resolva o problema dos cargos. Se forem as emendas
impositivas, resolva as emendas impositivas.”
Na quinta, líderes do Centrão avisaram a
Temer que não pretendem votar a reforma da Previdência no plenário da Câmara
até governo reorganizar a base aliada. Nos cálculos dos representantes de Temer
no Congresso, atualmente, a reforma teria, no máximo, 280 votos, bem abaixo dos
308 necessários.
Nos bastidores, integrantes do grupo se dizem
dispostos a paralisar ou até derrotar toda a agenda econômica que tramita no
Congresso. O primeiro alvo seria a medida provisória que cria o Refis, programa
de parcelamento de dívidas de contribuintes com o Fisco com o qual o governo
espera fechar as contas públicas deste ano.
A estratégia será ignorar a negociação
que o governo vem tentando fazer e trabalhar para aprovar o texto do relator,
deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), considerado mais benéfico para as
empresas. Ele modificou a versão enviada pelo governo ao Congresso e, com isso,
a previsão de arrecadação com o programa caiu de 13 bilhões de reais para 420
milhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo)
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