Por Marina Dias
Folha de São Paulo
O empresário Joesley Batista, da JBS,
divulgou na madrugada deste sábado (2) uma nota em que chama Michel Temer de
"ladrão geral da República" e diz que o presidente não consegue se
defender dos crimes que comete.
Joesley, cuja delação premiada serviu de
base para que a Procuradoria-Geral da República apresentasse a primeira
denúncia, por corrupção passiva, contra Temer, diz que a colaboração com a
Justiça "é por lei um direito" que o presidente "tem por dever
respeitar".
"Atacar os colaboradores mostra no
mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que
comete. Michel, que se torna ladrão geral da República, envergonha todos nós
brasileiros", diz a nota.
A declaração de Joesley é uma resposta à
nota publicada na noite de sexta (1) pelo Palácio do Planalto para antecipar a
defesa de Temer e desqualificar as delações do empresário e do operador Lúcio
Bolonha Funaro, cujos depoimentos devem embasar a segunda denúncia contra o presidente.
Segundo o Planalto, os irmãos Batista
mentiram e omitiram dados dos procuradores e, mesmo assim, "continuam
tendo o perdão eterno" do procurador-geral, Rodrigo Janot.
Isso porque Joesley decidiu entregar
esta semana aos investigadores novos áudios de conversas que teve com políticos
para complementar seu acordo de colaboração com a Justiça.
Para o Planalto, a delação de Funaro,
ainda sob sigilo, tem "inconsistências" e "incoerências" e
representa uma "vontade inexorável" de Janot perseguir o presidente.
ESTRATÉGIA
A suposta cruzada pessoal do
procurador-geral contra Temer e o passado de Funaro, que já foi desacreditado
pelo Ministério Público Federal há um ano, serão usados na defesa do
presidente, que decidiu antecipar seu retorno de uma viagem à China diante da
possibilidade de a nova denúncia contra ele ser apresentada na próxima semana.
A delação de Funaro está sob sigilo e
deve ser homologada nos próximos dias pelo Supremo Tribunal Federal. Em seus
depoimentos, o operador afirma que recebeu R$ 400 mil da JBS para se manter em
silêncio, mas ainda não está claro se Funaro atribui a ordem do pagamento a
Temer, ou implica o presidente em qualquer outro crime.
Na nota, Joesley não cita nenhum dado em
relação a Funaro.
Antes de fechar o acordo com os
investigadores, o operador havia dito à Polícia Federal no mês passado que os
pagamentos foram feitos para quitar uma dívida antiga com a JBS, visto que
intermediou negócios da empresa.
A versão se chocava com a do próprio Joesley,
que disse que pagava para que o operador e o ex-presidente da Câmara Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) permanecessem calados. O empresário diz ainda que relatou os
repasses em conversa gravada entre ele e Temer no Palácio do Jaburu, em março.
Os procuradores também avaliaram que a
primeira versão de Funaro sobre os R$ 400 mil não fazia sentido visto que sua
irmã, Roberta, foi escalada para receber o dinheiro dentro de um táxi, de forma
ilegal. Não seria assim se não houvesse alguma irregularidade, avaliaram os
investigadores.
Temer, que nega qualquer ilegalidade,
diz, via assessoria, que "se resguarda o direito de não tratar de ficções
e invenções de quem quer que seja".
Veja a íntegra da nota de Joesley:
"A
colaboração premiada é por lei um direito que o senhor presidente da República
tem por dever respeitar. Atacar os colaboradores mostra no mínimo a
incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que comete.
Michel, que se torna ladrão geral da República, envergonha todos nós brasileiros."
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