Palácio
do Planalto divulga nota com críticas à delação de Lúcio Funaro, que atinge
Michel Temer e aguarda a homologação do ministro Edson Fachin, do STF.
A
nota diz que a delação de Funaro traz "inconsistências e incoerências
próprias de sua trajetória de crimes" e afirma que Temer não trata
"de ficções e invenções”
Desesperado para tentar se livrar da
segunda denúncia da PGR, que está a caminho, Michel Temer divulgou uma nota
para tentar rebater as acusações feitas por Lúcio Funaro contra ele em seu
acordo de delação premiada.
O Palácio do Planalto diz que a delação
de Funaro, que aguarda a homologação do ministro Edson Fachin, do STF, traz
"inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes"
e afirma que Temer não trata "de ficções e invenções".
"Agora, diante da vontade
inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em
personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho", diz ainda o texto,
questionando a credibilidade de Funaro. "Quem garante que, ao falar ao
Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo
novamente?", questiona a presidência.
Leia
a íntegra:
A
suposta segunda delação do doleiro Lúcio Funaro, que estava sob sigilo na
Procuradoria-Geral da República (PGR) mas tem vazado ilegalmente na imprensa
nos últimos dias, apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua
trajetória de crimes. Funaro acionou meses atrás a Justiça para cobrar valores
devidos a ele pelo grupo empresarial do senhor Joesley Batista. Por alegados
serviços prestados, negando que recebesse por silêncio ou para evitar delação
premiada.
Ainda
não está claro como se deu sua conversão diante do procurador-geral da
República. Nem sabemos quais benefícios ele obteve em sua segunda delação, se
chegam perto do perdão total e da imunidade eterna concedidos aos irmãos
Batista. Que, aliás, acabam de refazer sua delação, demonstrando terem mentido
e omitido fatos, sobretudo em relação às falcatruas contra o BNDES. Pegos na
falsidade pela Operação Bullish, não tiveram a delação anulada, mas puderam,
camaradamente, 'corrigir' suas mentiras ao procurador-geral. Sem um puxão de
orelhas sequer.
Voltando
a Lúcio Funaro, assim o Ministério Público Federal o descreveu há um ano: “O
histórico profissional de Funaro indica que nenhuma outra medida cautelar
(senão a prisão ) seria eficiente e útil para estancar suas atividades
ilícitas.
Trata-se
de pessoa que tem o crime como modus vivendi e já foi beneficiado com a
colaboração premiada, um dos maiores incentivos que a Justiça pode conceder a
um criminoso, a fim de que abandone as práticas ilícitas. No entanto,
prosseguiu delinquindo, mesmo após receber o benefício. Cuida-se de verdadeira
traição ao voto de confiança dado a ele pela Justiça brasileira.”
Qual
mágica teria feito essa pessoa, que traiu a confiança da Justiça e do
Ministério Público, ganhar agora credibilidade? Repentinamente muda-se o
quadro, pois antes ele era uma das “pessoas que vivem de práticas reiteradas e
habituais de crimes graves, (que) sem qualquer freio inibitório, colocam em
risco, concretamente, a ordem pública ".
O
doleiro, cujo testemunho serve agora para sustentar uma denúncia contra a
Presidência da República, foi preso há um ano também por ameaçar de morte seus
ex-parceiros comerciais. Segundo relatou a PGR, ele ameaçou matar um idoso de
mais de 80 anos (Milton Schahin) e a um outro (Fábio Cleto) prometeu
"colocar fogo na casa dele com os filhos dentro."
Agora,
diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro
transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante
que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o
esteja fazendo novamente? Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar
da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria,
diante de sua ficha corrida, até um crime menor.
O
presidente Michel Temer se resguarda o direito de não tratar de ficções e
invenções de quem quer que seja. Jamais obstruiu a Justiça e isso está
registrado no diálogo gravado clandestinamente por Joesley Batista - sujeito
desmentido pela própria esposa no curso desse processo vergonhoso. No diálogo
com Joesley, o presidente afirma não ter feito nada por Eduardo Cunha no STF
(prova de não obstrução), e alerta o interlocutor de que contatos com o
ex-ministro Geddel Vieira Lima poderiam ser vistos como atos de obstrução de
Justiça (ora, querer evitar o crime é forma de se ligar a ele?). A gravação
usada pelo seletivo acusador desmente a acusação.
Outro
agravante é o fato de o grampeador-geral da República ter omitido o produto de
suas incursões clandestinas do Ministério Público. No seu gravador, vários
outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua
tendo o perdão eterno do procurador-geral. Prêmio igual ou semelhante será dado
a um criminoso ainda mais notório e perigoso como Lúcio Funaro?
Secretaria
Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
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