Magistrado
do TSE negou agressão e alegou ter se protegido da companheira, que o teria
arranhado, causando-lhe “marcas permanentes”
Mirelle Pinheiro/Metrópole
Investigado por denúncia de agressão à
mulher, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga
apresentou sua versão sobre os fatos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à
Procuradoria-Geral da República. Em defesa por escrito, à qual o Metrópoles
teve acesso, ele negou ter batido em Elida Souza Matos. Disse que agiu na
tentativa de se proteger da esposa, que o teria arranhado, causando-lhe “marcas
permanentes”. Para comprovar a sua tese, anexou fotos dos machucados (veja
abaixo).
Segundo o documento assinado por
Gonzaga, com data de segunda-feira (9/10), Elida teve uma “grave crise de
ciúmes”. Ainda de acordo com o magistrado, antes da briga, a mulher teria
“degustado algumas taças de vinho a mais, sem a devida alimentação”. A
ocorrência foi registrada pela polícia como violência doméstica, injúria e
lesão corporal. Por ter foro privilegiado, o inquérito foi remetido ao STF,
onde está sendo relatado pelo ministro Celso de Mello.
Na madrugada de 23 de junho deste ano,
Elida contou na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) detalhes do que teria
ocorrido durante uma discussão na casa do casal, no Setor de Mansões Dom Bosco,
no Lago Sul. O caso foi revelado pelo Metrópoles. Ela disse que foi empurrada e
machucada no olho. Por meio de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML), a
agressão foi comprovada. Os laudos estão anexados ao processo.
Élida relatou que também foi xingada por
Admar, com quem convive há mais de dez anos. Segundo ela, o marido chegou a
dizer: “Você não serve nem pra pano de chão” e a chamou de “vagabunda”. Horas
depois, ela retornou à unidade policial para retirar a queixa, alegando que
tudo não havia passado de um desentendimento decorrente de uma crise de ciúmes.
Caberá ao STF, após entendimento da PGR, decidir se a ação prosseguirá ou não.
Em sua defesa apresentada ao STF e à
PGR, Admar negou que tenha empurrado a mulher e a ferido no olho. “Tal lesão,
pelo que me recordo, foi causada pelo tombo que se sucedeu ao escorregão que
sofreu… e que a levou a bater o rosto na banheira”.
Sobre o empurrão, o ministro argumentou
que foram “movimentos em minha própria defesa”, uma vez que a mulher “investia
com as suas unhas contra meu corpo, o que me causou muitas feridas e me deixou
marcas permanentes”.
Admar Gonzaga admitiu que no calor da
discussão chegou a dizer que Elida estava se comportando como uma “à toa”.
Porém, alegou que “jamais se dirigiria a qualquer mulher nesses termos, muito
menos àquela a quem sempre me dirigi como amor da minha vida”.
Assim como fez ao retornar à delegacia
horas depois de registrar ocorrência para retirar a queixa, Elida voltou a se
manifestar durante a investigação, confirmando a versão do marido. Ela disse que tudo não passou de uma “noite
conturbada” e negou a existência de agressão. Admitiu que a discussão entre o
casal foi motivada por ciúmes dela. A mulher ainda pediu ao STF que o inquérito
corra em sigilo com o objetivo de preservar a intimidade do casal.
Advogado
novo
Outra novidade do caso se refere à
mudança na defesa do casal. A Procuradoria-Geral da República havia questionado
o fato de Admar e Elida serem representados pela mesma banca, o que poderia
prejudicar o andamento do processo uma vez que, nos casos de violência
doméstica, “a manifestação da vítima tende a ser cerceada e comprimida”.
Mesmo sem concordar com os argumentos da
PGR, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, decidiu deixar a
defesa do ministro “para não alimentar qualquer tipo de incidente processual
que venha a prolongar o sofrimento dos sujeitos envolvidos”. O escritório dele,
agora, atua exclusivamente para Elida.
O ministro passou a ser representado por
Pedro Machado, que até a publicação desta reportagem não se manifestou. Kakay
também foi procurado pelo Metrópoles, mas não atendeu às ligações.
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