Medida
tem como pano de fundo o aumento do uso das Forças Armadas em ações de
segurança pública, como em favelas do Rio
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Militares das Forças Armadas foram enviadas às ruas do Espírito Santo durante o motim de policiais militares, no início de 2017 Foto: Wilton Júnior/Estadão |
Thiago Faria, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Senado aprovou nesta
terça-feira, 10, projeto que transfere à Justiça Militar o julgamento de crimes
dolosos, como homicídios, praticados por militares contra civis, desde que
durante missões. Atualmente, a lei prevê que a Justiça comum seja responsável
por esse tipo de caso. Agora, o projeto segue para sanção presidencial.
A medida tem como pano de fundo o
aumento da utilização das Forças Armadas em ações de segurança pública, como o
policiamento em comunidades do Rio de Janeiro ou durante a greve de policiais
no Espírito Santo, no início do ano.
"O tribunal do júri visa permitir
que cidadãos julguem seus pares, ou seja, outros cidadãos. Militares das Forças
Armadas no exercício de sua missão não estão agindo como cidadãos, mas, sim,
como o próprio Estado. A força máxima deste deve ser julgada por Justiça
Militar especializada, que entende e conhece as nuances da sua atuação",
defendeu o senador Pedro Chaves (PSC-MS), relator do projeto no Senado.
A proposta é uma antiga reivindicação
dos militares e foi apresentada para que pudesse valer especificamente durante
a Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada do Rio, em 2016, quando o governo
utilizou o Exército para fazer a segurança. Mesmo após os eventos, o projeto
foi mantido e, segundo o relator, há um acordo para que o presidente Michel
Temer retire do texto a validade da medida, tornando-a uma regra permanente.
Oposição
Embora o PT tenha se posicionado contra
o projeto, o foro especial para militares foi defendida até por integrantes da
oposição, como o senador Jorge Viana (PT-AC).
"Vejam o absurdo que nós vivemos.
Se um civil atingir um membro das Forças Armadas, ele vai para o júri militar,
mas o contrário não vale", disse Viana.
O irmão do senador, o governador do
Acre, Tião Viana, esteve nesta terça-feira com Temer e pediu apoio do governo
para combater o narcotráfico no Estado.
No entanto, o líder do PT, senador
Lindbergh Farias (RJ), criticou a utilização das Forças Armadas em larga escala
para fazer segurança pública.
"O que a gente precisa é de
investigação. Esses soldados são preparados para a guerra. É uma situação
completamente diferente de uma comunidade, da favela da Rocinha, da comunidade
da Maré. Há gente aqui que diz: 'Não! É o Exército com os bandidos'",
disse Lindbergh.
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