Aproximação
com Michel Temer não é desejada nem pelo candidato oficial
Do Diário do Comércio Indústria e
Serviços/DCI
Ostracismo, isolamento, marasmo… Há
vários substantivos para definir a irrelevância do governo de Michel Temer para
o debate eleitoral que se aproxima. Na última sexta-feira, quando começavam as
primeiras convenções partidárias visando a sucessão presidencial, os dois
únicos compromissos oficiais do presidente agendados eram uma solenidade pelo
aniversário de Santos Dumont e uma convenção da Associação dos Homens de Negócio
do Evangelho Pleno. Parece a reedição dos últimos meses de José Sarney à frente
do Palácio do Planalto, em 1989.
Ambos os políticos demonstraram em sua
história serem hábeis negociadores e conhecedores dos meandros do Congresso
Nacional, mas a impopularidade do final de gestão tornou os dois presenças
tóxicas para qualquer pleiteante ao principal cargo do país.
Sarney fechou sua
participação com uma avaliação negativa de 60% da população e Temer já atingiu
o patamar de 79% de rejeição em junho.
Também na relação com deputados e
senadores há uma similaridade. Acossada pelo fantasma da hiperinflação, a
equipe econômica de Sarney lançou no início de 89 o Plano Verão, tentando
salvar a moeda então chamada de novo cruzado. O Congresso desfigurou parte das
propostas e rejeitou outra parcela. Uma tentativa de desvincular os benefícios
da Previdência dos reajustes do salário mínimo, por exemplo, foi rejeitada.
Temer também já teve sua dose de negativas dos parlamentares neste ano. A
reforma previdenciária não vingou e a privatização da Eletrobrás só deve ser
rediscutida ano que vem.
A única tentativa de Sarney de
interferir no processo eleitoral foi uma manobra no TSE para permitir a
candidatura do apresentador de TV Silvio Santos, frustrada e que só rendeu
dores de cabeça para o político maranhense.
Agora, Temer até deu suas bênçãos à
candidatura de Henrique Meirelles pelo MDB, mas não tem conseguido reunir da
tropa governista em torno desse nome. Sarney conseguiu retornar à cena política
ao mudar seu domicílio eleitoral para o Amapá e se tornar senador. Talvez não
sobre nem isso para Temer.
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