Projeto conhecido como Lei da Mordaça
seria votado na tarde desta terça-feira (31). Consulta feita pelo Senado mostra
que maioria é contra medida

A votação do Escola Sem Partido, projeto
de lei que pretende coibir o pensamento crítico dos alunos, foi adiada pela Comissão
Especial da Câmara dos Deputados em meio a enorme pressão popular. Conhecida como Lei da Mordaça, a proposta é
mais uma ameaça à liberdade dos professores e, de acordo com especialistas,
afetaria de maneira aguda toda a estrutura educacional do país.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF)
comemorou o adiamento. “Esta comissão já deveria estar encerrada há muito
tempo. Mas eles acham que podem estufar o peito cheio de obscurantismo e que
podem ir tecendo as mordaças. A escola é um espaço natural de diversidade onde
nós nos colocamos inteiros”, avaliou.
Para a parlamentar, há muito mais em
jogo na proposta do que o simples pretexto de evitar a partidarização nas
escolas: “As nossas escolas devem ser feitas de diálogo entre professor e aluno
e eles querem transformar isso numa relação hierarquizada em que alunos não são
considerados pelo saber que tem e que devem engolir calados o que é transmitido
pelo professor”.
Mesmo que o adiamento não encerre por
completo o debate sobre o tema, Kokay antecipa que a pressão para evitar mais
retrocessos na educação do país seguirá firme. “Se a nossa existência como
seres humanos plenos corre risco, a gente vai para a resistência. Isso é
trincheira de saber, de consciência crítica para dizer que as mordaças não passarão”,
concluiu.
Origem
repressora
“Por uma lei contra o abuso da liberdade
de ensinar”. A frase, em tom ameaçador, é o lema do site dedicado ao Escola Sem
Partido e tem feito diversos pensadores do Brasil e do mundo a se manifestarem
contra o projeto. “O Escola sem Partido é inconstitucional e antirrepublicano
(…) O professor não deve partidarizar, mas não deve despolitizar as escolas
avaliou o filósofo Mario Sergio Cortella em entrevista à Folha de S.
Paulo.
Em 2017, o Alto Comissariado de Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou posicionamento que
denuncia os efeitos negativos do programa “Escola Sem Partido” no Brasil.
Os relatores reiteraram que o Artigo 19
do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, ratificado pelo
Brasil em 1992, protege a todos o direito à opinião, sem interferências, além
do direito a buscar, receber, e partilhar informações e ideias de todos tipos,
independentemente de fronteiras ou meios.
Ainda com base no Artigo 19, explicitaram seu caráter de “necessidade” e
não somente como “útil, desejável ou razoável”, o que implica em acesso e
proporcionalidade.
Escola sem partido e um retrocesso absurdo...
ResponderExcluirA liberdade de expressão e pensamento crítico devem ser respeitados.