Em um ano, 2 milhões de brasileiros
passaram a viver com menos de R$ 406 por mês
A crise e o aumento das taxas de
desemprego em 2017 fizeram o contingente de pobres no país aumentar em 2
milhões, segundo dados do IBGE (Instituto Nacional do Seguro Social).
Havia 54,8 milhões de brasileiros nessa
situação no ano passado, ou 26,5% da população brasileira, segundo IBGE. Em
2016 eles eram 25,7% dos brasileiros.
Pela linha definida pelo Banco Mundial
—que é a métrica adotada pelo IBGE—, são considerados pobres aqueles que vivem
com até US$ 5,50 (R$ 406 por mês segundo a cotação do período analisado) por
dia.
Também aumentou a quantidade de crianças
que vive em domicílios pobres, passando de 42,9% para 43,4% do total da
população com até 14 anos.
A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE
também analisa a prevalência de pobreza considerando as características das
pessoas de referência dos domicílios.
Do total de moradores em domicílios em
que a pessoa de referência era uma mulher sem cônjuge e com filhos de até 14
anos, 56,9% estavam abaixo dessa linha. Se a responsável pelo domicílio era uma
mulher preta ou parda (igualmente sem cônjuge e com filhos no mesmo grupo
etário), essa incidência subia para 64,4%.
A recessão econômica dos últimos anos
foi responsável pelo aumento de pessoas nessas condições, segundo o IBGE. A
taxa de desocupação, que era de 6,9% em 2014, e subiu para 12,5% em 2017.
"Isso equivale a 6,2 milhões de
pessoas desocupadas a mais entre 2014 e 2017. Nesse período, a desocupação
cresceu em todas as regiões e em todos os grupos etários", informou o
IBGE.
Em 2017, 2 em cada 5 trabalhadores do
país eram informais.
"Do total de moradores em
domicílios em que a pessoa de referência era uma mulher sem cônjuge e com
filhos de até 14 anos, 56,9% estavam abaixo dessa linha [da pobreza]. Se a
responsável pelo domicílio era uma mulher preta ou parda (igualmente sem cônjuge
e com filhos no mesmo grupo etário), essa incidência subia para 64,4%",
informou o instituto.
O IBGE estimou em R$ 10,2 bilhões o
custo mensal, se os recursos forem perfeitamente alocados, para erradicar a
pobreza no país, ou seja, para que ninguém viva com menos de US$ 5,50 por dia.
Em 2016, faltavam, em média, R$ 183 para
que cada pessoa abaixo da linha da pobreza conseguisse superar essa barreira.
Esse hiato aumentou em 2017, para R$ 187 reais.
"Para a linha de extrema pobreza
(R$ 140 por mês ou US$ 1,90 por dia), o montante necessário para que todos
alcancem essa linha era de R$ 1,2 bilhão por mês."
Extrema
Pobreza
Também cresceu o número de brasileiros
em extrema pobreza, um recorte entre os pobres que mostra uma faixa ainda mais
vulnerável.
No ano passado, 15,2 milhões de pessoas
estavam nessa situação. O recorte considera aqueles que vivem com menos de US$
1,90 por dia (R$ 140 por mês), ainda pela linha do Banco Mundial.
Esse contingente aumentou em 1,7 milhão
de brasileiros sobre 2016, passando a representar 7,4% da população, contra
6,6% no ano anterior.
O Maranhão é o estado com o maior
percentual de pessoas em extrema pobreza: 54,1%, ou mais da metade dos
moradores, seguido por Alagoas (48,9%).
Na ponta oposta, Santa Catarina (8,5%) e
Rio Grande do Sul (13,5%) apresentaram os menores percentuais. Em São Paulo a
taxa era de 14,9%.
Renda
e Acesso a Bens e Serviços
Ainda segundo o IBGE, o rendimento médio
mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511 no ano passado.
O Nordeste (R$ 984) e o Norte (R$ 1.011)
foram as regiões com os piores resultados. Igualmente, quase a metade da
população (49,9% e 48,1%, respectivamente) tinha rendimento médio mensal
domiciliar per capita de até meio salário mínimo.
O IBGE também mediu o acesso a bens em
dimensões que complementam a análise monetária para avaliar as restrições de
acesso a educação, proteção social, moradia adequada, serviços de saneamento
básico e internet.
"Nos domicílios cujos responsáveis
são mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filhos até 14 anos, 25,2% dos
moradores tinham pelo menos três restrições às dimensões analisadas. Esse é
também o grupo com mais restrições à proteção social (46,1%) e à moradia
adequada (28,5%)", informou.
Ainda segundo o IBGE, 12,2 milhões
viviam em residências com adensamento excessivo (mais de três moradores por
dormitório), e 10,1 milhões de pessoas (4,9%) moravam em residências sem
banheiro de uso exclusivo.
"Ainda entre as pessoas abaixo
dessa linha de pobreza, 57,6% tinham restrição a pelo menos um serviço de
saneamento (contra 37,6% da população em geral)."
No total, mais de um terço da população
(35,9%) tinha restrição de acesso ao
serviço de esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial.
"Já a ausência de coleta direta ou
indireta de lixo atingiu 10,0% da população e 15,1% do total de pessoas não era
abastecida por rede geral de água. Uma proporção de 37,6% residia em domicílios
onde faltava ao menos um desses três serviços de saneamento básico",
informou o IBGE.
Com informações da Folha de S. Paulo
Com informações da Folha de S. Paulo
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